segunda-feira, 21 de julho de 2014

Não é ficção. Fui ao bairro Bom Retiro e vi que a paz existe.

Há uns dia atrás fui visitar um casal de amigos arquitetos, no escritório deles no bairro do Bom Retiro. Bairro habitualmente conhecido como região de judeus, e acabou que sendo engolido pelos coreanos, além de gregos e bolivianos.
Ainda possui a marca de judeus no antigo teatro TAIB (Teatro de Arte Israelita Brasileiro), embora deteriorado e abandonado, hoje fechado. Nas ruas, eles se misturam com os asiáticos e latinos. Frequentei a casa de uma família, através de uma amiga, Raquel, namorada de um colega de faculdade, moravam na rua Amazonas, bem no final. 
A Polícia Militar povoou a região com prédios oficiais, já que vários setores dos batalhões militares estão distribuídos na região desde a rua Cantareira até a avenida Tiradentes. As lojas de roupas, outrora somente atendidas pelos judeus, ficaram repletas do outro lado da avenida, de lojas genuinamente para noivos. A rua São Caetano é um exemplo disso. Por incrível que pareça, temos quatro igrejas católicas. A D. Bosco indo para avenida Rio Branco, mais acima, e outras próximas da Tiradentes, a Igreja de S. Cristovão e a Na. Sra. Auxiliadora. Temos a Cúria e as irmãs enclausuradas, e quase ao lado a Igreja Cristã Ortodoxa Grega, e além da mais famosa, a Igreja de Santo Expedito, quase dentro do pátio do Batalhão Tobias de Aguiar. O convívio entre as raças e religiões é natural e inteiramente amigável. 
Meu primeiro emprego, 9o. no gigante Zarzur, SP.
Tivemos um período de degradação na região próxima a antiga estação rodoviária em frente a estação ferroviária Julio Prestes, a tal cracolândia. A região apesar de ter havido uma tentativa de melhorias feitas pelo Estado de S. Paulo, ainda não emplacou. Mas temos a Sala S. Paulo, no complexo Júlio Prestes, onde as grandes orquestras se apresentam. O museu da Língua Portuguesa na estação ferroviária da Luz. E o rejuvenescimento da rua José Paulino e imediações, do comércio de modas, agora encabeçada por coreanos e não mais os judeus. 
Não pude deixar de lembar que os meus primeiros empregos na década de 70 foram bem próximos e viajei no tempo. 
Durante o almoço com os meus amigos, Sandra e Felipe, comentei que a região é bem parecida com os bairros próximos de Manhantan, em New York. As pessoas orientais e os judeus dão essa pincelada diferente. Os bares e restaurantes também. 
Rua Dutra Rodrigues, 64 - meu terceiro emprego. Hoje mudado.
E nesse clima de frio e garoa, cheguei a pensar que estava por lá mesmo. Falei em viagem no tempo. Me lembrei dos três primeiros empregos, dois pela região e outro na parte inicial do Vale do Anhangabaú, rua Álvaro de Carvalho. Mas o primeiro foi na rua Brigadeiro Tobias, 118 no Edifício Zarzur e Kogan, também tinha entrada pela avenida Prestes Maia, continuação da avenida Tiradentes, sentido praça das Bandeiras.
E lá na região do parque da Luz, quando trabalhei na rua Dutra Rodrigues, primeira travessa da rua São Caetano ou como os nubentes dizem, Rua das Noivas. 

O Faláfel - prato típico árabe em pleno Bom Retiro
Cheguei a tomar café expresso e comer uma das melhores coxinhas do mundo, no Terraço Jardim Toscano, próximo da parada de ônibus, dentre eles os números 45/46 - Estações da CMTC. Lá nesta região, dei os meus primeiros passos na área em que segui profissionalmente, produção gráfica era o nome que hoje modernamente dizemos design gráfico. Trabalhei num estúdio dentro de uma gráfica. Criei e fiz mais de 100 logomarcas. Tanto que me capacitei para tempos mais tarde, lecionar matérias desta área nas faculdades Metodista e Alcântara Machado (FIAM), depois FMU, nos anos 80. No almoço com meus amigos, pude ver o quanto é bom viajar na memória. Ver também uma paz que os judeus e árabes buscam tanto lá na Terra Santa e que não encontram caminho, porém no Bom Retiro, isso já existe e dura mais de centenas de anos. Perguntei porquê? Não sabemos. Comi um prato típico e saboroso da região em conflito. Faláfel. E quietinho, no silêncio de minha memória, brindei a paz que lá na Terra Santa está distante, mas que aqui no Bom Retiro, está firme e forte como nunca. Shallon Adonai - Salaam Aleikum

domingo, 20 de julho de 2014

Meus empregos. Minha vida profissional. Uma viagem inesquecível.

Túnel do Tempo: meus empregos ao longo desses quase 45 anos de estrada percorrida. Apesar desse tempo todo, ainda não aposentei-me, faltam dois anos mais, acreditem. Foi o pula-pula, típico de alguém do signo de gêmeos. Me lembro que em 1975, na praia do José Menino, em Santos, falava com o meu falecido pai, Hatim, que estava montando um estúdio gráfico e que naquele ano iria completar a faculdade, já possuía uma boa clientela e iria fazer um voo solo. Depois enveredei em uma jornada dupla, passei a lecionar em faculdades, começando pela FIAM no bairro de São Judas e trabalhando por conta no estúdio. Depois seguiu-se com a Metodista e continuei assim até 1985. Dez anos com trabalho em quase 18 horas diárias. Outro dia desses viajei no tempo e resolvi anotar os meus caminhos pelos meus empregos, sem contar as três faculdades. FIAM, FMU e Metodista, por passagens mais longas, quase 11 anos. Sendo que tive umas passagens meteóricas pela Unip e ESPM. Mas empregos mesmo, com carteira assinada, tive quatro, além das faculdades. E intercalei com o meu estúdio de artes gráficas. Como disse, jornada dupla para um geminiano, é bico!
Prestes Maia: entrada principal do meu primeiro emprego
Álvaro: entrada do prédio do Aché
Meu primeiro emprego, no Zarzur na avenida Prestes Maia, 241, nome: Editora Emanuel, fazia uma revista especializada em mármores e granitos. Depois fui para o departamento de arte de um do maiores laboratórios brasileiros e do mundo, Aché. Enquanto o escritório era na cidade, rua Álvaro de Carvalho, região central, lá permaneci. Quando mudaram para via Dutra, cai fora. Após esse período, 1975, como disse, abri o meu estúdio, na região da Luz, voltando a trabalhar registrado somente em 1987 na Abras, Associação Brasileira dos Supermercados até 1999. E após uma aventura em marketing esportivo (2.000), retornei em 2001 como responsável pela implantação da área de marketing no Grupo Gapnet em 2001, permanecendo até este abril de 2014. Se existe uma trilha que daria uma estória de trabalhos profissionais, de produção, criação e execução de tantos feitos, essa é a minha trilha. Falei num outro post que havia criado e colocado no ar mais de 100 logomarcas. É isso mesmo! Cada amigo, cada parente e muitos clientes foram atendidos para terem a sua identidade visual. Além dos logos, nomes e símbolos. Em 1987, criei um mascote e marca para a Copa América, produto da Traffic Marketing Esportivo. Foi o Gardelito para o evento feito na Argentina. Dizem, o mascote é inesquecível, lembram dele até hoje, ao contrário do nosso Fuleco de tão triste e recente memória. No Aché, criei uma campanha para um remédio destinado às mulheres, um comprimido fabricado em forma oval. E o teaser foi uma galinha que ao ser apertada de cima para baixo, botava um ovinho. Os vendedores, chamado na época de representantes comerciais, quando visitavam os médicos, tinham pedidos extras dessas galinhas, foi um tremendo sucesso de público e audiência (risos). 
Cristiano: primeira sede da Abras
Diógenes: segunda sede da Abras
Em 1976, cheguei a montar uma agência com os meus colegas de faculdade e em um ano de vida, fomos adquiridos por uma outra, aquisição essa que nos fez ficar contratados por um ano. Depois caí fora com a grana da venda da empresa. Tive incontáveis experiências na publicidade. Cheguei a ficar sócio do meu ex-professor da ESPM, quer mais? Alguns outros feitos. 
Como editor da revista SuperHiper na Abras, fizemos edições memoráveis. Capas e mais capas. Quase 280 capas. Um filhinho por mês. Lembro que um dos diretores, dava nota. "– Hoje estou dando 8,5. A do mês passado foi melhor!" E assim seguimos. 
Major: segunda sede da Gapnet
Na Gapnet, uma consolidadora de turismo, implantei o setor de comunicação. Marketing não existia nessa área, em 2001. Nenhuma empresa, ou quase nenhuma, talvez a Flytour, a mais antiga, teria, mas tudo era incipiente. Os produtos eram voltados ao trade e não ao público. Neste período tivemos um terreno inexplorado e farto. Foi ai que criamos bastante e deixamos algumas marcas. Campanhas onde sorteávamos carros, após uma seleção de clientes, levávamos até uma concessionária de automóveis e lá eram chamados para ligarem o carro, apenas uma chave ligava dentre os 20 escolhidos. Sucesso e suspense.
O Programa de Incentivo Eureka Prêmios foi outro legado nosso. Enfim, essa viagem no tempo dos meus empregos foi fruto de recente ida aos bairros do Bom Retiro e Luz, por onde havia passado meus tempos iniciais no profissionalismo. É muito bom lembrar que foi deixado um histórico de bons serviços prestados. E não só isto, os amigos e os conhecidos que lá deixamos. Lugares que você deixou há mais de 20 anos, quando você passa por lá e as pessoas ainda se lembram de ti e você busca sempre algo de bom ao ver aquela rua, aqueles lugares, o momento de permitir que sua memória encontre um sentido para vida. Você não passou anônimo pela vida, você foi protagonista, isso é incrível, a sensação é ótima. Sobreviver, trabalhar e deixar legado, é viver! 


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Mudanças na seleção brasileira, a começar pelo uniforme.


Está na hora de aposentar a seleção canarinho. 
A história se repete. Por causa do desastre dessa Copa, de 1950 (conhecido como MARACANAZO) a Seleção Brasileira nunca mais jogou de branco (seu uniforme oficial) e adotou a amarelinha desde a Copa de 1954. E a partir do Mineirazo (7X1) contra a Alemanha, está na hora de aposentar a camisa verde-amarelo. Notem que a Alemanha nunca passou um vexame de tanta envergadura e já mudou as cores e design do uniforme inúmeras vezes. 

Vejam que após a unificação
das duas Alemanhas, algumas fotos mostram que o design foi 

a melhor escolha, e os fabricantes (patrocinadoras) acabam vendendo mais com essa política de renovar a cada temporada a linha visual das suas seleções. França, Inglaterra, Estados Unidos, México, Argentina, Espanha, Rússia são algumas seleções que adotaram essa postura. Por que não a nossa seleção também não muda? É o momento. Aquela história de peso da camisa, que os adversários tremem, etc... ficou para trás. Quem tem medo da nossa seleção nacional? Nem o Tahiti... Para a próxima Copa 2018 na Rússia, deveremos disputar as eliminatórias sul-americanas, quem terá medo do Brasil? Peru, Paraguai, Bolívia, Venezuela? 
Porque a Argentina, Uruguai, Chile, Equador e Colômbia não mais, exemplo vimos na recém realizada Copa 2014 e o que essas equipes demonstraram em campo foram a prova que não tem mais time bobo em campeonatos mundiais. Talvez uma seleção do Oriente Médio, ou uma ou outra asiática e ou da Oceania. Mas isso é pouco. 
Na hora do afunilamento, devemos nos defrontar com equipes poderosas e ai vem os teóricos do passado de glórias dizer que a amarelinha bota os adversários pra tremer. Balela! Os nossos torcedores é que tremem, mas tremem de raiva por tanta falta de planejamento tático, treinamentos de novas maneiras de atuar, modernizar é a palavra de ordem, novos desafios e dentre elas o visual é um fator preponderante, porque não? Outro dia publiquei que a Adidas era a grande vencedora da final entre Alemanha e Argentina, porque além da bola do torneio, as duas equipes utilizavam a marca alemã da Adidas, e a gigante Nike deveria se contentar com a disputa do terceiro e quarto lugares, já que Brasil e Holanda, vestem a americana Nike.
Peço aos responsáveis pela CBF e os dirigentes da Nike, que pensem NOVO, busquem na história do futebol, pesquisem com a população junto aos torcedores o que eles realmente desejam. De início, já digo, mudemos. Não quero amarelar de novo, porque já chega os recentes vexames de 7X1 e 3X0. Pelo menos usem o azul, pois foi com o azul que tudo começou em 1958. 
 (Todas as imagens são reproduzidas como divulgação, extraídas do Google imagens)


domingo, 13 de julho de 2014

Voltem aos seus postos de trabalhos, brava gente brasileira.

Acabou a Copa, vamos trabalhar!
Fim da Copa do Mundo FIFA-Brasil 2014. 64 jogos ou 64 capítulos de uma mini-novela que poderia ter vários nomes. Poderia ser: 2014 - A Vergonha de 50 é redimida; A tragédia dos 7X1; A Lavada no Mineirão; O Massacre de Minas até O Escândalo no Copacabana Palace ou A Invasão Portenha. Os atores, além dos jogadores protagonistas principais, foram alguns canastrões como os 3 Patetas, Galvão, Ronaldo Nazário e Valter Casagrande, além de outro trio de fazer chorar e não rir: Felipão, Murtosa e Parreira. Mas o que era bom ou ruim acabou, afinal! A Copa se foi, o que tiramos de bom desse evento que paralisou literalmente o país?
A seleção foi o espelho da nossa realidade brasileira, péssimo na Educação, sem planejamento na Segurança, perdidos em vários investimentos, dirigentes falastrões e prepotentes, deturpadores da realidade, pois para eles tudo foi bem feito, etc.. Mas vamos ao que interessa. O que nos restou?  
Vamos aos legados positivos.
1. Exemplo dos japoneses que limpavam a sujeira causadas pelos torcedores nos estádios.
2. A eficiência da Polícia Federal brasileira em desbaratar a quadrilha dos ingressos e prender os figurões estrangeiros que se juntaram com a máfia dos cambistas, praga que ninguém ousou acabar um dia.
3. A arrecadação de mais de 10 Bi nas contas brasileiras por conta dos gastos dos turistas. Nem de perto que irão recuperar a grana que escoou pelo ralo da corrupção, porém é um número altamente positivo, pois mostra que se fossemos mais organizados política e administrativamente, colheríamos frutos nas contas finais entre investimento e retornos financeiros.
4. A receptividade e hospitalidade brasileira, apesar de registros de alguns deslizes, é normal, seria impensável funcionar 100% sem problemas em locais de grande aglomeração.
5. A participação da delegação alemã na Vila de S. André, em Santa Cruz da Cabrália. Eles adquiriram o terreno, construíram os alojamentos (tipo hotel), construíram um centro médico, montaram um campo de futebol, fizeram uma estrada para interligar o centro de treinamento e tudo isso sem ter funcionários alemães, eles contrataram as pessoas da vila, brasileiros sem oportunidades de trabalho, ensinaram línguas inglesa e alemã, para depois recepcionarem os futuros turistas que por certo voltarão. Com a sua presença levaram melhorias e ensinamentos para os nativos e o legado para as próximas gerações locais. Aliás não podemos chamar isso de legado, é doação. Foi feito algo que os nossos governantes deveriam ter feito há muito tempo. E isso deveria ser imitado por essas mesmas autoridades em todos os lugares neste país.
6. Liberdade de expressão, apesar de haver um maior policiamento e um recuo no número de pessoas nas manifestações populares.
Agora os legados negativos.
1. Vaia à presidenta na abertura em S. Paulo, atribuída à elite paulistana e ao hino do Chile por parte de maus brasileiros em Brasília.
2. Aos defensores das teorias de conspiração, que sempre surgem quando a seleção brasileira é eliminada prematuramente. 
3. Ao "jeitinho brasileiro" nas vendas de ingressos para cadeirantes.
4. Ao anti fairplay contra os hermanos, franceses, chilenos e outros torcedores de países que nos visitavam.
5. A CBF e seus asseclas, tremendos incompetentes, se achando os melhores, ávidos por sangue, agridem jogadores chilenos na entrada dos vestiários comuns para ambas equipes e a tremenda falta de educação e esportividade na entrega das medalhas do terceiro lugar à equipe da Holanda, quando abandonaram a cancha antes da cerimônia se iniciar. Isso é vexame internacional, bem pior do que as derrotas que valeram 10 gols em dois jogos.

6. A bagunça geral no bairro da Vila Madalena, cuja responsabilidade inteiramente foi da nossa Prefeitura que não cuidou como deveria, somente tomando providências após o caos ser estabelecido.
Aliado a tudo isso, vemos que os grandes legados da infra estrutura propriamente dita como os estádios, os verdadeiros elefantes brancos ou de concreto nos estados do Ceará, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte, regiões onde não se tem nenhum representante na divisão maior do futebol brasileiro, que irão amargar os custos inerentes do pós-Copa. Nem irei comentar o que se "roubou" antes. Lembrem-se, por exemplo, que funcionários morreram nas construções e seus parentes estão à míngua. Sem contar que as outras obras prometidas nos entornos dos estádios e estruturas para a mobilidade que nem saíram do papel e outras que ruíram como feitas de areia. Mas irei apenas me ater ao pós-Copa. Sabem quanto custa param manter um estádio desses sem público, sem evento? De R$ 40 mil a R$ 100 mil, dependendo do estádio. Fora os valores que deverão ser pagos (?) ao BNDES pelos empréstimos. Dinheiro mensal que faria milhares de municípios brasileiros, funcionarem anualmente com uma ótima estrutura. Será que iremos nos esquecer novamente do descalabro governamental? O povo brasileiro é muito cordial. Mesmo que haja essas manifestações dos contra, dos incrédulos, dos anti-situação, é pequeno para modificar ou até mesmo ter eco e botar esses ladrões do erário na cadeia. Coisa difícil, já que o único saco roxo que condenou os membros do mensalão, pediu penico e caiu fora. Mas, os órgãos fiscalizadores, órgãos do Ministério Público, sociedade organizada, entidades sérias e o Terceiro Setor com a imprensa sem rabo preso, poderiam se juntar e fazer uma limpeza oficial e justa neste país, seguindo as leis constitucionais. Me chamariam de extramente ingênuo, crédulo, idealista, utópico ou sei lá o que mais. É preciso que façamos algo. É necessário uma transparência geral das contas e das manipulações. Vem aí as Olimpíadas e junto o vexame mais que esperado, a Roubobrás S.A. irá continuar com os seus tentáculos e os resultados serão iguais ao triste 7X1 contra a Alemanha.
Visitava a Austrália em 1994 e vi com os meus próprios olhos jovens adolescentes sendo treinados em quadras espalhadas por todos os lados para o evento em 2004. A estrutura já estava praticamente finalizada. Eles queriam fazer bonito, interna e externamente. Vocês ouviram algum escândalo ser ventilado na imprensa mundial? Claro que não. País com pessoas sérias, de dirigentes sérios, nada de política no esporte, nada de dirigente que tenha ficado rico ou bilionário com a preparação deste evento. Será que alguém viu o patrimônio do sr. Nuzmann? O do sr. Ricardo Teixeira sabemos, mas alguém peitou esse cidadão? Poucas pessoas denunciam e desaparecem de repente. Algumas figurinhas marcadas na imprensa insistem, mas estranhamente perdem seu emprego, voltam ao cenário e emudecem. 
Há os que insistem e acabam virando assunto de chacotas, exemplo do Juca Kfouri. Não quero ser um brasileiro com uma faixa na testa escrito: TROUXA! Serei uma voz ou pelo menos, aos meus poucos amigos que leem o meu blog, seremos um pequeno grupo de inconformados que não sentem as suas vozes ecoarem. Mas irei dormir em paz. Ficarei com a consciência limpa e mostrarei aos meus filhos, netos, parentes, amigos, vizinhos e leitores, que não iremos consertar o que achamos que está errado, mas um minúsculo neurônio, aquele que faz o músculo da face sorrir, estará sempre ativo e operante, não ficarei com a cara suja, não serei cara pintada, serei e morrerei com a cara limpa. E agora? Que tal irmos trabalhar para pagar as contas, porque os ladrões de plantão que não dormem em Brasília já estão pensando o que fazer para depois de primeiro de janeiro de 2015. Vocês duvidam?

*Em tempo: Os Sarney já perceberam que tem e vem coisa feia por aí e já estão pulando fora do barco. Me lembrei de um "causo" antigo. Falava-se sobre um rico e sonegador de impostos, muito famoso em minha cidade. Lá ele que tinha uma sala no escritório no último andar de um prédio de 30 andares. Ouvi sempre esse comentário: "– Se o fulano pular de lá de cima, pule atrás".

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Não vamos chorar sobre o leite derramado. Devemos aprender com as tragédias.

Lições sobre a tragédia de 8 de julho.
Não fazendo sob a ótica de um torcedor fanático ou um cidadão descrente da importância de um evento esportivo que afundou o país num buraco sobre a malversação do dinheiro público, farei aqui um paralelo do que levou a essa derrocada vexatória no Mineirão neste 8 de julho de 2014. Gosto de futebol, mas não sou fanático torcedor. Não confundo ser patriota que adora o seu país, que sofre com os desmandos dos carreiristas políticos e seus partidos fisiológicos com um grupo de jovens promessas correndo atrás de recordes pessoais e salários vultuosos. Não confundo os brazões da República com os emblemas de uma Confederação ou outra. Sei muito que na hora do hino nacional viramos todos uma só nação, mas depois que a bola rola, as regras não são a nossa Constituição, é a tal International Football Association Board (IFAB). O que rege as quatro linhas não são as leis brasileiras, é o que um único cidadão resolve fazer de acordo com o seu próprio entendimento e que às vezes depende de uns poucos pares que correm lateralmente nestas mesmas quatro linhas. Ainda sob um clamor da imprensa mundial e de torcedores ávidos por justiças, um comitê verifica os videoteipes da partida e decretam a suspensão ou não de um lance que não foi punido ou visto pelo árbitro daquela partida. E só. Nelson Rodrigues dizia que somos uma pátria de chuteiras. Sua frase: Em futebol, o pior o cego é o que só vê a bola. Demonstra como somos dependentes da redondinha, a maioria é cega, chora na derrota, se envergonha na goleada, mas depois de um ou dois dias já parte para outra. A própria dinâmica do futebol faz isso funcionar muito bem, pois temos partidas a cada três ou quatro dias intercalados na semana. Bendita segunda-feira que não tem jogos de futebol, mas tem programas que repetem o final de semana esportivo e as suas consequências. Mas como dizia, o futebol e algumas modalidades de esportes fazem do brasileiro um doente, um fanático. Ame-o ou odei-o! É assim também nas religiões e na política. Que desperdício de neurônios. Ao invés de tirar proveito das tragédias, estamos acostumados a potencializar os maus resultados e atacar ou se defender. Não olhamos para o além do horizonte. Apenas enxergamos a um palmo de nossos narizes. 
Deixamos o coração falar, e deixar o pensamento (mente) de lado. Não por isso que os estrategistas políticos se ocupam desse contingente popular e os conduzem nas propagandas, tornando-os verdadeiras massa de manobra para se perpetuarem no poder. Precisamos ter a capacidade de ver além da tênue linha entre o óbvio e as verdadeiras razões de uma decepção, de uma grande perda. Frustrações acontecem. Sucesso também. Ambos serão da mesma forma, parceiros na caminhada árdua. É o tal altos e baixos. Mas uma coisa precisamos entender nesse episódio da humilhação da seleção brasileira na partida contra a Alemanha, no último jogo das semi-finais desta Copa FIFA de 2014, realizada em 08 de julho, no Mineirão. Um grupo convocado por um treinador experiente. Todos em sua maioria jovens, pois nenhum deles estivera em campo no último mundial na África do Sul em 2010. Todos pseudo experientes em clubes que atuam no Brasil e no exterior. Mas jovens. Aqui montarei um paralelo com uma empresa com muitos colaboradores, porém com uma equipe de jovens valorosos, cheio de gás, vindos recentemente de MBAs, que passaram por poucas experiências no chão de fábrica, em outros escalões, etc... Produzirão? É claro que sem um comandante, sem o LÍDER, sem um bom planejamento não farão nada. Os resultados não aparecerão. Uma boa equipe precisa de ordenação, projetos e comando. E para se comandar devemos ter gente capaz e experiente. Uma mistura fina. Não um ajuntamento por interesses apenas comerciais. Se você montar uma equipe enorme de vendas e não tiver produto, vai fazer água logo adiante. Se você montar um time só com os números 10 vai ter um baita nome, mas terá resultados positivos? É claro que não. Equilíbrio é a palavra de ordem. Talentos distribuídos e espalhados na equipe, mas com um comandante, ou mais líderes, porque não? Voltando ao futebol lembro que ganhamos em 1958 e 1962 com líderes e jovens na mesma equipe. Quem não se lembra do último jogo do Brasil na Suécia contra a dona da casa, quando levamos um primeiro gol e um experiente jogador chamado Didi, pegou a bola no fundo do gol e a trouxe debaixo do braço, caminhando até o centro de campo e dizia no percurso: – Calma, gente esses gringos são duros de cintura, vamos meter uns cinco neles. E aconteceu! 5X2 e fomos campeões. Quem não se lembra da Copa de 70, no México. Tínhamos Carlos Alberto, Gérson, Pelé com mais de 36 anos, foram os líderes que precisávamos. Em 1994 e 2002 também contávamos com lideres que comandavam e mostravam o caminho para a vitória aos jovens, as tais promessas. 
E agora a lição foi deixada de lado. Não podemos inventar, no corporativo também. Não se monta uma empresa e lhe dá as diretrizes à jovens promessas. Na vida empresarial, no esporte, devemos aprender a mesclar o novo com a experiência, o conhecimento com o ímpeto, a garra com a astúcia. Chorar sobre o leite derramado é duro, mas tínhamos a receita, apenas não a seguimos e pagamos caro. Que sirva de lição mais uma vez. É no erro que aprendemos. A vida nos mostra que devemos ser duros sem perder a ternura. Vamos deixar a parte dura para os mais velhos e a ternura para os mais jovens, que juntos novamente saibamos nos erguer e mostrar que é hora da reconstrução. É hora da sabedoria passar por cima da teimosia. Finalizo lembrando do Nelson Rodrigues outra vez. "Problemas não são obstáculos, mas oportunidades ímpares de superação e evolução".  


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Julho, o mês mais querido.

Outro dia escrevi que o mês de maio era o mês mais bonito. Nele comemoramos o Dia das Mães no segundo domingo, é o mês de aniversário de minha querida mãe e também quando se celebra a data do casamento dela com o meu pai, ambos em 14 de maio, às vezes coincidia tudo num só dia, dávamos três presentes para ela. Hoje venho aqui falar do mês de julho que é o mais marcante e querido. Diferentemente do mês de junho, temos a comemoração de três datas festivas. Dia 07, aniversário de meu falecido pai. Dia 18, celebramos o aniversário do também falecido irmão e dia 26, data que festejamos o aniversário de meu primogênito, Jorge Arthur, o meu filhão querido. Outras duas datas me marcaram profundamente em julho. 02, pela morte de meu querido pai, já comentei isso em outro post e dia 17, meu primeiro casamento com a mãe de meu único filho homem. 
Todas estas datas, 02, 07, 09, 17, 18 e 26, são também números que coloco nos jogos de Mega-Sena. Ainda não acertei sozinho e não ganhei uma importância milionária, mas já fiz umas quadras com valores generosos.
Como não gostar de julho, também mês das férias, quando a gente tinha mais tempo de ficar juntos com os filhos. Sempre viajei nas férias de julho com as minhas filhas, pois as férias de verão eram com a mãe e as de inverno eram com o pai, coisas de casal separado, isso depois do meu divórcio em 2003. Porque não gostar de julho?
É o mês de um feriado dentro do período de férias. Trata-se de 09 de julho, um feriado só para o estado de São Paulo desfrutar. São as cerimônias cívicas da Revolução Constitucionalista de 1930. Quando criança pequena, ia no desfile cívico na avenida junto de meu pai, que era vereador na cidade de São José do Rio Preto. Lá ouvia as explicações do porquê da comemoração. Eu questionava com o meu pai: – Se perdemos a batalha, porque festejar? O que era MMDC? Mais tarde fui entender tudo, quando adolescente e na visita pela primeira vez ao obelisco da cidade de S. Paulo no Parque Ibirapuera.

Em julho também nos tornamos penta-campeões mundiais, existe razão maior para não se lembrar destas grandes conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002? Afinal julho é o mês mais querido por mim, mas creio que para muitos brasileiros também. 
Mas o que mais me dá satisfação é lembrar dos aniversários de meu pai, irmão e filho. Hoje em minhas recordações peço que se celebre uma missa em intenção à memória de meu pai e irmão. E quanto ao meu filho, Jota, tenho boas lembranças, pois festejei muito quando era pequeno, e hoje já adulto, poucas vezes pudemos comemorar, pois sendo separado de sua genitora, às vezes suas festas são fora de S. Paulo e não tenho participado. Mas nas poucas que tivemos juntos, me senti muito gratificado pela presença do Jota, já que em seus aniversários, por ele ser uma portador Down, em salões de festas a sua preferência número um é ficar totalmente contagiado. Dança, abraça, corre e se diverte com as primas e amigos, as tias e tios, padrinhos, avó e mãe. Como não gostar do mês de julho? Sinal que o ano está no meio e seguindo rápido rumo ao final. Véspera de agosto, mês de cachorro louco e início do horário político de campanhas das eleições gerais deste ano. Vamos aproveitar e gozar neste mês de julho, porque no segundo semestre o cenário não nos aparenta ser auspicioso. Teremos a carnificina eleitoral, racionamento de água, pois a Cantareira deverá agravar a situação em S. Paulo, essa política covarde deverá ser a causa principal do desiquilíbrio e a população pagará essa conta. Espero conseguir bateria suficiente para enfrentar esses próximos meses de sufoco. Ficarei com a parte da lembrança de bons tempos contra uma realidade tempestuosa e momentos de prováveis pânico e descontrole na economia. Que encontrem um caminho positivo, que venha 2015 mais definido. Que julho contamine os outros meses com alegria, comemorações, lembranças boas, e que as celebrações das batalhas sejam por razões políticas de conquistas para o povo brasileiro, e não sectárias e partidárias. Não quero mais um obelisco para lembrarmos de mais um episódio trágico.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Seis anos de saudades, querido pai.

Há seis anos atrás Deus chamou o meu velho para cuidar do trânsito lá no céu.

O meu exemplo de vida, de retidão, completa hoje seis anos que partiu. Com os já bem vividos 86 anos, nem completou os 87 que faria cinco dias após, sete de julho. Um dia antes me ligava e dizia estar passando mal e que seria internado na Santa Casa de São José do Rio Preto. Peguei o avião no mesmo dia e rumei desesperado para minha casa em Rio Preto. No horário em que cheguei não havia mais permissão para visitas, já que se encontrava na UTI. Não dormi. Vi um filme passar na minha cabeça. Como poderia aquele homem exemplar cair doente? Me perguntava. Não estamos preparados para assistir os nossos entes queridos se irem para outra dimensão. Há pouco mais de oito meses, meu querido irmão Hatim Júnior falecera. Já havia sido um baque para todos nós. Por que meu querido pai também iria? Os céus estavam carentes de pessoas íntegras? As pessoas boas partem mais cedo, e os ruins ficam, conforme diz o dito espanhol. Confesso, muita coisa passou em minha cabeça. Chega a manhãzinha, dou apoio à minha mãe inconformada, choramos juntos, tomo meu café e sigo acelerado para o hospital que ficava alguns quarteirões da nossa moradia. Lá chegando, busco meu velho. No caminho uma pessoa conhecida me interrompe e diz: – Jorginho, seu pai não está bem. Informação fatal, já me quebrava as pernas antes de chegar até a UTI. Chego lá, vejo o meu pai deitado. Nos abraçamos e chorei copiosamente. Ele me acalma e pede que traga um copo de guaraná! Digo: – Pai, aqui não pode, pego um copo de água com a ajuda de uma enfermeira. Dou a ele e pergunto com está se sentindo? – Estou bem, meu filho. Chamo a médica e peço mais informações. E que segundo ela meu pai está seriamente com problemas respiratórios e que estava com uma pequena hemorragia nos pulmões, mas que estavam cuidando e parecia ficar estável e controlada. Acaba o horário de visitas à UTI. Pedem que eu saia e que volte à tarde. Retorno para casa e falo com a minha mãe. Aguardemos a tardinha. Mas o telefone toca sem cara de boas notícias. No silencio de nossa casa, calados e orando mentalmente, aquele "prim" parecia fatídico. Era a minha vizinha, Regina dizendo que iria me levar até o hospital, passaria com seu carro e juntos rumaríamos para lá. Algo me dizia em minha cabeça que questionava, o horário de visita não é esse! Fé em Deus, vamos lá. Entramos e faço o mesmo caminho da manhã, nada de pessoas, tudo vazio. Paro na UTI! Papai não está lá. Vem uma médica e diz laconicamente. – Seu pai entrou em óbito, sr. Jorge. De repente o mundo parou. Fiquei sem chão. Não acreditava nas palavras da médica. Sento-me e fico sem respiração. A minha amiga me ampara e com a experiência de ter perdido os seus pais e tios, me diz palavras de consolo. Volto titubeante e penso como falar e dar a notícia para minha mãe, ainda em recuperação pela perda do filho mais velho há menos de oito meses atrás. 
Como enfrentar o processo do funeral e documentação para o  velório e enterro no cemitério municipal? Haja força mental e suporte físico. Papai tinha deixado tudo arrumado, a burocracia ficou em escolher que tipo de caixão, flores e local para que fosse devidamente colocado. Como fazer a derradeira homenagem a aquele homem público? Deixara um legado para a cidade onde foi político e esportista, atuou como vereador, participou da fundação dos dois maiores clubes da cidade, foi o diretor de trânsito inovador que instalou os semáforos e os taxímetros nos carros particulares da cidade. Se orgulhava de ter uma frota só de carros novos e de quatro portas para os passageiros terem maior conforto. Trabalhou na Prefeitura até se aposentar. 
Era referência em memória dos fatos mais importantes da cidade. Ajudou a escrever a história da cidade nos livros dos acadêmicos e historiadores, que faziam peregrinação quase que mensais em nossa casa, pedindo ajuda para lembrar disso ou aquilo, levavam fotos para que ele informasse os nomes, locais e datas. Um homem público que mereceu ser velado na Câmara Municipal com as bandeiras dos clubes e da cidade sobre seu caixão. Políticos e vereadores antigos, os atuais, o prefeito e vice, ex-funcionários da Prefeitura, vi todos passarem ao lado do caixão e ouvi palavras de respeito pelo homem, cidadão, político, pai de família que foi. Se algo pudesse ser extraído desse dia, foi a importância relevante de meu pai que nos confortou, a cidade que tanto ele, amava se rendia e chorava com ele. Meu pai foi honrado por todos. Ele não tinha inimigos. Os poucos que eram, na política, deixaram de lado a simpatia ou ideologia e marcava presença no plenário da Câmara e ao pararem ao lado do caixão, referenciavam à aquela pessoa que mostrou altivez na vida pública. Meu pai me deixou emocionado naquele dia. O cortejo foi rápido, pois a Câmara ficava ao lado do Cemitério e lá enterramos o nosso pai. Desde este dia, não deixou de lembrar dele. Quando fico com a minha mãe, vasculho todos os álbuns com fotos. Quando fazemos um tipo de comida, lá está a presença dele. Quando comemoramos algumas datas como Páscoa, aniversário de minha mãe, no Dia dos Pais, nas festas de final de ano. Lá está o "seo Rett" juntinho com a gente. E hoje da mesma forma. Neste momento estou escrevendo com algumas lágrimas no rosto. Mas de felicidade, pois sua lembrança nos causa satisfação. Seu exemplo está aqui perene e viverá enquanto eu estiver com você, meu pai. Te amo demais. Você está vivo em minhas lembranças. Sempre viverá, pai querido. Caminharei daqui em poucas horas para a igreja próxima daqui de casa. Pedirei mais uma vez orações em sua memória. Pai fique com Deus. 



terça-feira, 1 de julho de 2014

30 dias. Que sufoco!

Minhas queridas filhas, Nadine e Micaela.
30 dias.
Já se passam 720 horas ou 43.200 minutos que passei por duas cirurgias simultâneas no Hospital São Camilo da região da Pompéia, zona oeste em São Paulo. Foram 30 dias de total repouso, controle do sistema urinário, dois exames nesse período, dois retornos ao médico dr. Jorge Nudel. Mas esse período foi um teste de paciência, dedicação e ao mesmo tempo, um período em que solidariedade e atenção de pessoas generosas, como a minha cunhada Teresa Escher. Quis Deus que nesse período eu tivesse que ficar em repouso no mesmo período em que minha esposa se convalesce de um tratamento longo e que também precisa de atenções e cuidados médicos. Seu tratamento entra no quinto mês, enquanto eu acabo de sair. apesar dessa alta (o médico ainda não me liberou), ainda estou limitado para executar esforços, dirigir o carro, carregar peso, etc... 
Me sinto bem. Ufa, 30 dias que sufoco. A Copa do Mundo veio para que em certos momentos, eu esquecesse das agruras, dos sustos, afinal a cada ida ao banheiro as atenções eram acompanhadas de medo, preocupação e sentimento de vitória. Bastava não sair urina avermelhada, com sangue ou coágulos, era o meu momento de gol, de felicidade, de grito abafado de uma conquista atrás de outra, e isso a cada 20 minutos ou meia hora. 
Nunca bebi tanta água em minha vida. É claro que nunca fiquei permanentemente no toalete. 24 horas com idas ao banheiro a cada 30 minutos não é mole. E nas madrugadas também, um sono truncado como as defesas das seleções que deram trabalho para as equipes favoritas. Ainda bem que tive a ajuda dos jogos, dos programas de comentaristas de futebol pelas noites afora. Foram dias de muita apreensão. Segundo o médico, muitos casos, se houvesse hemorragia, deveria retornar urgentemente ao hospital. Enquanto a nossa seleção fazia muitos torcedores irem aos centros médicos pelo sufoco que passavam, eu ia me controlando, ansioso a cada ida ao banheiro. E em muitas vezes, não tive sucesso, pois alguns poucos coágulos insistiam em me preocupar. Era o vermelho que eu não gostava, queria que fosse apenas o amarelinho, na seleção e no sanitário. Comidas com tempero forte, apimentadas, frutas cítricas, refrigerantes com gás, bebidas alcoólicas, tudo era proibido. Afinal eu iria comer o quê? Lá vinha a Teresa perguntar: – Salim, o que você quer comer hoje? Nada que travasse o meu intestino, pois o esforço que fizesse, poria a região da cirurgia em crise. Nada de esforço, lembrava que o médico havia alertado. E a comida realmente foi a de que chamamos de hospital. Purê de cenoura, mandioquinha, carne moída sem quase nada de tempero e arroz. Feijão? Não pode. Que luta, gente. Mas chegamos aos 30 dias. Será que agora posso comer feijoada? Carne de porco? Tudo leva a crer que daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Mas uma coisa é fato. Beber água, sempre. A Copa está acabando, a vida está voltando a normalidade, poderei sair de casa, andar um pouco mais, enfim ser uma pessoa normal de novo, um cidadão livre, por enquanto. Não via a hora de voltar a sair, ter uma vida normal, comer e beber, trabalhar... 
Que 30 dias inesquecíveis! Ganhe quem ganhar nessa Copa do Mundo. Mas uma coisa eu digo, quem venceu? Fui eu. Obrigado meu Deus.