quarta-feira, 9 de julho de 2014

Não vamos chorar sobre o leite derramado. Devemos aprender com as tragédias.

Lições sobre a tragédia de 8 de julho.
Não fazendo sob a ótica de um torcedor fanático ou um cidadão descrente da importância de um evento esportivo que afundou o país num buraco sobre a malversação do dinheiro público, farei aqui um paralelo do que levou a essa derrocada vexatória no Mineirão neste 8 de julho de 2014. Gosto de futebol, mas não sou fanático torcedor. Não confundo ser patriota que adora o seu país, que sofre com os desmandos dos carreiristas políticos e seus partidos fisiológicos com um grupo de jovens promessas correndo atrás de recordes pessoais e salários vultuosos. Não confundo os brazões da República com os emblemas de uma Confederação ou outra. Sei muito que na hora do hino nacional viramos todos uma só nação, mas depois que a bola rola, as regras não são a nossa Constituição, é a tal International Football Association Board (IFAB). O que rege as quatro linhas não são as leis brasileiras, é o que um único cidadão resolve fazer de acordo com o seu próprio entendimento e que às vezes depende de uns poucos pares que correm lateralmente nestas mesmas quatro linhas. Ainda sob um clamor da imprensa mundial e de torcedores ávidos por justiças, um comitê verifica os videoteipes da partida e decretam a suspensão ou não de um lance que não foi punido ou visto pelo árbitro daquela partida. E só. Nelson Rodrigues dizia que somos uma pátria de chuteiras. Sua frase: Em futebol, o pior o cego é o que só vê a bola. Demonstra como somos dependentes da redondinha, a maioria é cega, chora na derrota, se envergonha na goleada, mas depois de um ou dois dias já parte para outra. A própria dinâmica do futebol faz isso funcionar muito bem, pois temos partidas a cada três ou quatro dias intercalados na semana. Bendita segunda-feira que não tem jogos de futebol, mas tem programas que repetem o final de semana esportivo e as suas consequências. Mas como dizia, o futebol e algumas modalidades de esportes fazem do brasileiro um doente, um fanático. Ame-o ou odei-o! É assim também nas religiões e na política. Que desperdício de neurônios. Ao invés de tirar proveito das tragédias, estamos acostumados a potencializar os maus resultados e atacar ou se defender. Não olhamos para o além do horizonte. Apenas enxergamos a um palmo de nossos narizes. 
Deixamos o coração falar, e deixar o pensamento (mente) de lado. Não por isso que os estrategistas políticos se ocupam desse contingente popular e os conduzem nas propagandas, tornando-os verdadeiras massa de manobra para se perpetuarem no poder. Precisamos ter a capacidade de ver além da tênue linha entre o óbvio e as verdadeiras razões de uma decepção, de uma grande perda. Frustrações acontecem. Sucesso também. Ambos serão da mesma forma, parceiros na caminhada árdua. É o tal altos e baixos. Mas uma coisa precisamos entender nesse episódio da humilhação da seleção brasileira na partida contra a Alemanha, no último jogo das semi-finais desta Copa FIFA de 2014, realizada em 08 de julho, no Mineirão. Um grupo convocado por um treinador experiente. Todos em sua maioria jovens, pois nenhum deles estivera em campo no último mundial na África do Sul em 2010. Todos pseudo experientes em clubes que atuam no Brasil e no exterior. Mas jovens. Aqui montarei um paralelo com uma empresa com muitos colaboradores, porém com uma equipe de jovens valorosos, cheio de gás, vindos recentemente de MBAs, que passaram por poucas experiências no chão de fábrica, em outros escalões, etc... Produzirão? É claro que sem um comandante, sem o LÍDER, sem um bom planejamento não farão nada. Os resultados não aparecerão. Uma boa equipe precisa de ordenação, projetos e comando. E para se comandar devemos ter gente capaz e experiente. Uma mistura fina. Não um ajuntamento por interesses apenas comerciais. Se você montar uma equipe enorme de vendas e não tiver produto, vai fazer água logo adiante. Se você montar um time só com os números 10 vai ter um baita nome, mas terá resultados positivos? É claro que não. Equilíbrio é a palavra de ordem. Talentos distribuídos e espalhados na equipe, mas com um comandante, ou mais líderes, porque não? Voltando ao futebol lembro que ganhamos em 1958 e 1962 com líderes e jovens na mesma equipe. Quem não se lembra do último jogo do Brasil na Suécia contra a dona da casa, quando levamos um primeiro gol e um experiente jogador chamado Didi, pegou a bola no fundo do gol e a trouxe debaixo do braço, caminhando até o centro de campo e dizia no percurso: – Calma, gente esses gringos são duros de cintura, vamos meter uns cinco neles. E aconteceu! 5X2 e fomos campeões. Quem não se lembra da Copa de 70, no México. Tínhamos Carlos Alberto, Gérson, Pelé com mais de 36 anos, foram os líderes que precisávamos. Em 1994 e 2002 também contávamos com lideres que comandavam e mostravam o caminho para a vitória aos jovens, as tais promessas. 
E agora a lição foi deixada de lado. Não podemos inventar, no corporativo também. Não se monta uma empresa e lhe dá as diretrizes à jovens promessas. Na vida empresarial, no esporte, devemos aprender a mesclar o novo com a experiência, o conhecimento com o ímpeto, a garra com a astúcia. Chorar sobre o leite derramado é duro, mas tínhamos a receita, apenas não a seguimos e pagamos caro. Que sirva de lição mais uma vez. É no erro que aprendemos. A vida nos mostra que devemos ser duros sem perder a ternura. Vamos deixar a parte dura para os mais velhos e a ternura para os mais jovens, que juntos novamente saibamos nos erguer e mostrar que é hora da reconstrução. É hora da sabedoria passar por cima da teimosia. Finalizo lembrando do Nelson Rodrigues outra vez. "Problemas não são obstáculos, mas oportunidades ímpares de superação e evolução".  


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