quinta-feira, 25 de maio de 2023

Origens do ódio, o pavimento rumo à intolerância.

“O mal que os homens fazem sobrevive depois deles. O bem é quase sempre enterrado com seus ossos.”  

(Marco Antonio, na peça “Júlio César” de Shakespeare)


Vamos lembrar-nos na sequência alguns aspectos sobre o ÓDIO. Soltos, os trechos não dizem muito, apesar da nossa cultura adorar postar nas redes sociais, pequenas frases extraídas dos conteúdos completos. Fazer o quê?

 

A MALDADE É SEMEADA

Vejam o que esta parábola diz. – Todos temos dentro de nós dois lobos completamente diferentes. Um deles é mau, e representa todos os sentimentos ruins que podem existir em um ser humano: a raiva, a inveja, o ciúme, a ganância, o orgulho, o ressentimento, os medos, a mesquinhez, a culpa, o ego, e a arrogância. No entanto, o outro lobo é exatamente o oposto, representa tudo que é bom em uma pessoa: a bondade, o amor, a esperança, a generosidade, a alegria, a paz, a fé, e a verdade. 

– E qual dos dois lobos é mais forte? Qual deles vence a luta?

– Depende de nós. Qual deles você alimentaria?


TESES E EXEMPLOS NÃO FALTAM

Outro texto reflete os nossos sentimentos. Vem do livro de Allan Kardec, sobre o Espiritismo. Diz um trecho: “Os Espíritos disseram em O Livro dos Espíritos que o mal é ousado e intrigante e o bom e o bem são tímidos”. Além também da expressão famosa de W. Shakespeare, citada no início deste post. Dai no noticiário, observarmos a preferência para enfoques sobre mortes, tragédias, crueldade, escândalos, a nossa sociedade vive sedenta de assuntos sangrentos.


QUALQUER UM PERCEBE

Não sou formado em sociologia, psicologia ou filosofia, etc. Mas não é preciso ser expert no assunto. Padecemos de uma doença crônica chamada hipocrisia. E ainda somos contaminados pela mídia espetaculosa sempre em busca por audiência. Vide os programas de TV aberta. 

Portanto, o que vemos hoje, especialmente nos esportes coletivos apresentados em ‘arenas’ para público maior de 30 mil expectadores. Antigamente chamávamos de ‘estádios’ onde os clubes disputavam o esporte que se tornou o mais famoso do mundo, futebol. Não à toa passamos a chamar de arena, condiz mais com o que se praticava no Coliseu em Roma, quando os cristãos eram perseguidos e mortos de várias maneiras.


RIVALIDADES NOS ESPORTES

Vamos agora tratar de situações de rivalidade, embates, antagonismo e disputas. O clássico escocês entre Celtic e Rangers, que teve origem na rivalidade entre católicos e protestantes em Glasgow. Galatasaray e Fenerbahçe, na Turquia, são considerados um dos poucos clássicos locais que extrapolam as fronteiras. Na vizinha Argentina, temos o Boca Jrs contra o Tiver Plate. Aqui no Brasil, temos grandes disputas entre os clubes. Flamengo contra Vasco da Gama no Rio de Janeiro. Já o Corinthians antagoniza com o Palmeiras na capital paulista. Grêmio e Internacional, fazem o clássico Grenal que já tem contagem, até hoje 439 vezes desde o ano de 1909.

Mas sempre tivemos grandes embates e que geraram adversários de peso. Na F1 tivemos Senna contra Prost, Hamilton e Alonso, Schumacher e Vettel. Até no boxe, que já um tipo de luta, vimos Tyson contra Holyfield. Foreman versus Mohammad Ali.


COMBUSTÍVEL PARA ATIVAR O ÓDIO 

Tudo isso são combustíveis para que cada aficcionado, torcedor, fanáticos, fãs extrapolem suas manifestações nas arquibancadas, nas ruas ao redor das arenas, estádios e meios de transportes. Quem não já ouviu falar dos “hooligans” do Liverpool na Inglaterra. Os “ultras”, na Itália e França. 

Na Sérvia, os torcedores da organizada do time Partizan, chama-se “Os coveiros”. 

Os “Barra bravas”, do time Boca Jrs. na Argentina. Mancha Verde e Gaviões da Fiel em São Paulo. Essas torcidas trazem em sua história, mortes violentas. Crueldade pura. Não medem as consequências. Colocam a violência extrema como rito sumário em suas trilhas de horror e ódio.

A histeria em grupos permanece ativa não só durante o jogo de futebol. Ficam perenes antes e depois da peleja. Permanecem nas atividades brutais nestas organizações o tempo todo. Pensam integralmente durante 24 horas em cumprir o desejo de violência. A arbitrariedade sem senso comum em modo real time.


RACISMO, XENOFOBIA, CONTÁGIO 

A semeadura em campo espinhoso acaba fertilizando os sentimentos odiosos e intolerância. Quer na relação social, racial, imigratória, política ideológica e outros descaminhos da nossa sociedade altamente desigual, diferente, heterogênea. Uma semeadura ruim pode trazer consequências desastrosas para todas famílias da nossa sociedade, quer aqui ou em outros rincões.

A educação é um dos elementos fundamentais para se embasar os princípios e valores da formação da nossa personalidade, nosso comportamento e nosso entendimento de vida. Qualquer desvio deste tripé, fatalmente descamba para a ausência de bom senso e se instala o desejo agressões, atritos, radicalismo, podendo atingir as raias da barbárie. Um bom exemplo de histeria típica de estouro de manada, vimos no último sábado na cidade espanhola de Valência, quando todo o estádio começou a gritar, “morte ao macaco”, atingindo ao jogador brasileiro, negro, Vinicius Júnior. Manifestação claramente racista e xenófoba. E somente depois de um grande engajamento mundial, censurando aquele fato, é que começaram a cuidar do assunto e punir os envolvidos.



BANIMENTO, EXPULSÃO, PUNIÇÃO 

Foi assim com os “hooligans” na Inglaterra. Foram banidos dos estádios de futebol. Parece que a lição não foi compreendida. Em São Paulo, a justiça estabeleceu o jogo com apenas uma torcida. Mas isso não estancou o problema. As torcidas punidas se encontram nas ruas para as batalhas sangrentas que levam o torcedor a morte. Ocorrências já foram informadas com muitas mortes ao longo destes últimos anos.

Mas este protocolo não é utilizado diretamente aos torcedores individualmente. A conta vai para a torcida organizada com CNPJ, já o pessoa física, não encontram leis que possam ser enquadrados. Acredito que não há vontade do serviço público ou legisladores, os deputados e demais autoridades. Uma vergonha. Enquanto isso os atos racistas, xenofobia e vandalismo, seguem impunes por aí. Aqui, na Espanha, na Argentina, no Chile, na Itália e no mundo afora. Seria o fim da linha?

sábado, 6 de maio de 2023

O mundo é ‘doss essssspertos’, mas que mundo esse?

Tenho abordado muitas situações do meu cotidiano nestas minhas publicações. Muitas das quais observo através das minhas viagens nos meios de transportes. 

Faço uso de ônibus por comodidade. Tem um ponto defronte minha moradia e o ponto final é bem no centro de Sampa. Tenho carro, mas não uso. Perdi a paciência. Minha esposa diz que me transformo na frente do volante. Vira e mexe discutimos. Quase sempre sou repreendido. 


Nos ônibus vou perto do motorista e observando bem na frente. Falo o tempo todo. Fico apontado os carros atrapalhando, usando faixa exclusiva. Em outros casos, pegar ou descarregar passageiros e pára no leito carregável. Outros veículos avançam nos cruzamentos, sempre dificultando o fluxo. Cheguei a dizer ao motorista que eles são heróis. Haja paciência. É uma atividade desgastante, tanto emocional como psicológica. O nosso trânsito é caótico.



E é justamente esse cenário que ilustro aqui neste post. Não existem histórias ou reportagens que demonstrem esse lado terrível de um segmento da nossa sociedade. Ganham pouco e trabalham muito em todos os horários. Uns pela madrugada, uns pela noite adentro, outros durante o dia, onde o tráfego é maior.

Calor, chuva, congestionamentos, semáforos embandeirados, passageiros estressados, irritados, crianças gritando, jovens usando espaços preferenciais, etc. 


Ônibus lotado quase em todas as viagens. Retas e ladeiras. Sol na cara. Portas abertas por chamadas erradas, perguntas para onde se vai. Além disso, os condutores precisam conhecer tudo. Geograficamente deve ser um especialista em endereços e locais da preferência do passageiro. E tudo isso sem reconhecimento. São remunerados pessimamente e em contrapartida oferecem bastante nessa relação de custo-benefício.


De tanto andar de busão, observando, me tornei um expert em aventuras no trânsito. Acabei cursando PhD dos coletivos. E posso afirmar que o nosso mundo dos transportes públicos é composto de heróis e vilões. E posso afirmar que o que mais “atrapalha” nosso dia a dia, é o motorista esperto. 

Perfil certamente da nossa classe média. Proprietário de veículos caros, às vezes de luxo. Carro sempre com um ocupante, solitário e egoísta. Agressivo e desejoso de obter vantagens. Nada solidário ou benevolente. Atravessa faixas, fura semáforo, acessa áreas exclusivas, próprio de um sujeito consciente da impunidade das leis de trânsito ou até lei penal, pois tem costa larga, bons advogados, filhinho de papai, etc… Resumindo, “um cara esperto”. 


Finalmente encerro este post, afirmando que longe de ser psicólogo ou algum teórico do comportamento humano, observando a sociedade e concluindo que tudo está errado. Sendo um adepto da Doutrina Espírita, me recordo de algumas lições filosóficas que aprendi nas leituras. 

Destaco uma anotação de Allan Kardec em um de seus livros. “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu uma missão, com o fim de esclarece-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, [...].” – O Livro dos Espíritos, questões: 634 e 642.

Julgo que o melhor entendimento destas observações refletem que somos seres com um início semelhante. As oportunidades da vida nos fazem seres em evolução. As ações em que tomamos nos levam as conquistas. E se tornam avalistas dos nossos merecimentos. Dito isso, afirmo: que os ignorantes são aqueles que se julgam mais espertos e que gostam de levar vantagens. Os anônimos cumprem sua missão condignamente. Já os apressadinhos seguem errantes. Jogando tudo a perder na vida, pensando que estão certos. Só que não!