domingo, 9 de junho de 2019

Diferentes pontos de vista.

Preparei mais uma palestra para oferecer aos nossos frequentadores do Centro Espírita Caminho de Damasco na Lapa. Como sempre o tema vem de minha inspiração. 
Fonte dos estudos que faço há dezenas de anos, tendo sido inicialmente como frequentador, depois passando por colaborador e aluno de vários cursos da Doutrina de Kardec.

Há quase cinco anos venho apresentando palestras que considero ensaios, pois faço antes pesquisas e me baseio nas minhas inquietudes, quando busco as respostas para entender essa nossa caminhada. Depois, creio que as minhas observações sirvam para o esclarecimento aos outros ouvintes e a partir dai, compartilho com os frequentadores da Casa. Se não puder apresentá-lo, publico o compilado no meu blog, como estou fazendo agora.

O que temos, nós deixamos, o que somos nós levamos.

Palavras do médium Divaldo Franco. Também me preocupo seguir essa compreensão de um dos mais elevados espíritas brasileiros. Deixarmos de ser materialistas e nos aperfeiçoarmos no espiritualismo, nos desapegando dos bens materiais e das coisas mais supérfluas, desnecessárias para se viver. O que percebi tardiamente, convenhamos.

Mas o que me levou a escrever hoje, tem a ver com um curso que fiz neste último domingo, dia 02 de junho passado, na Capelania Espiritual (CARE) do complexo de medicina dos Hospital das Clínicas de S. Paulo.

Participei o dia inteiro e convivi com mais de duas centenas de pessoa anônimas vindas de todo espectro profissional, religioso, gênero e idade. Passaram por nós, via tribuna, vários profissionais que são responsáveis pela entidade mantenedora e cuidadora do voluntariado de atendimento aos pacientes internados no HC.

Cada um que falava aos participantes, quando descia do púlpito era aplaudido, porém além dos aplausos, vi o quanto somos (eles, e me incluo) pessoas do bem que faz um trabalho voltado a caridade.

Pesquisas foram demonstradas que estudos nos países da Europa e americanos, no tocante ao trabalho de voluntariado em casas de saúde, nas igrejas, clínicas e hospitais, melhoram sensivelmente a condição de recuperação do paciente e aos que estão em fase terminal, acabam ficando serenos e confortados para receberem o desfecho final, que é o desencarne.

Tudo muito seriamente abordado. Exposições perfeitas, comportamento impecável do público, e finalmente chega o momento de encerramento. Dos quase 250 participantes, soubemos que apenas oito seriam selecionados para o trabalho de voluntariado.

Decepção? Claro que não. Satisfação? Provavelmente após a seleção quando forem feitas as entrevistas. Esperançoso? Sim. E dai fiquei com aquela impressão da famosa questão. Como serão as avaliações e os critérios? Pontos de vista, é claro.

Diferentes pontos de vista.

Cada um vê sob a tua ótica. E isso me provocou a escrever esse ensaio. Diferentes pontos de vista. Qual é o real significado desse assunto? Como enunciá-lo? Por onde começar? Pois bem, começo pelo princípio.

Os sinais da vida. Abro um paralelo aleatório para se basear em algo sem definição filosófica, política ou religiosa. 

Começo pelo caminho que a nossa linguagem adota mundialmente, os sinais de pontuação: ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, dois-pontos, ponto-e-vírgula, vírgula, reticências, travessão, mais, menos, divisão e multiplicação. 
Mas o que isso tem a ver com o assunto abordado no começo?
"Nem tudo que se vê é o que parece, nem tudo que parece é o que realmente é".
Isentando todos de uma tomada de posição de um lado ou por outro, questiono? O que achamos é necessariamente igual ao que outro acha? Depende muito.
Se estivermos frente a frente e entre nós usa-se uma imagem do número seis deitado perpendicularmente, o número que a pessoa que estiver do outro lado será nove, diferentemente que o outro vê, ou seja o seis.

Sob a questão religiosa também é assim, é claro um pouco mais complicada, mas é regida por pontos de vista. Jesus não é uma figura totalmente compreendida ou aceita. 

Sobre o entendimento de nossa vida, não é compreendida da mesma forma pelas pessoas. Há quem acredite que temos várias vidas, as chamadas reencarnações e há que acredite em apenas uma só. Mas o que mais nos importa é fazer desta vida corrente, o bem. Seja se for numa só, teremos sido completos e se houver, como é o nosso entendimento, as outras vidas, levaremos para as próximas o legado para nos aperfeiçoar mais ainda e seguir nos transformando em pessoas melhores.

Emmanuel nos lembra que o túmulo é uma porta à renovação, assim como o berço é acesso à experiência. Se fizermos o bem levaremos a parte boa nesta experiência.

Outro ponto de vista que acredito é a similitude entre as nossas ações com os sinais ortográficos da nossa língua portuguesa e sinais gráficos da Matemática, mãe de todas as ciências. Um fim de linha seria o nosso ponto final. Ou um sinal de menos nos deixaria para um nível baixo, rasteiro.
Mas em nossa caminhada temos bastante reticências, pontos finais, pontos de interrogação, pontos de exclamação, dois-pontos, ponto-e-vírgulas, vírgulas, colchetes, aspas e aspas altas, asteriscos e chavetas. 

Entendamos a verdadeira pausa (||) que devemos dar quando estamos caminhando de forma apressada e sem raciocinar. Parar, suspender, descansar. Para esclarecer usaremos a definição correta através de dois (:) pontos. Ou seja, vamos partir para a entoação.

O que significa entoação? Modular os nossos tons. Falar e saudar. Modular nossos recitares. Modificar as nossas inflexões. Transformar o que seja desagradável em algo melhor. Entoar o bem. Procurar o entendimento. 

Para seguir caminhando o trilhar de nosso aperfeiçoamento, vamos acrescentar mais vírgulas (,), pontos e vírgulas (;). De um jeito ou outro a vida nos vai dando sinais. Somos chamados a outra memória, que nos faz lembrar ou recordar. Um vestígio, um traço, uma advertência, e por aí vai.

Notem que enchemos este post com vírgulas e pontos. É assim a nossa caminhada. Não conseguimos disparar de uma vez só, é preciso dar uma pausa. Se você quiser um atalho, furar alguma passagem obrigatória ou necessária, vai causar problemas com essa atitude.

Tire o mais (+) ou menos (-) de sua prática de vida. 

Como bem disse o nosso querido Chico Xavier."A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. 
A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro. 
A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos... 
Tudo bem! O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. 
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos".


Um alerta para quem é adepto da tecnologia, adiantamos que algumas coisas não servem para a vivência do nosso dia-a-dia. Na atividade humana não é possível dar Ctrl+Shift+avançar, cada etapa deverá ser cumprida, mesmo que tenha um tal livre-arbítrio, ou lei do retorno. Apesar de poder decidir pelas suas escolhas, boas ou não. Se você forçar, por certo haverão as consequências destas tomadas de ação.


Nada é permanente, exceto a mudança

Entendam de uma vez por todas, isso é definitivamente verdadeiro nesta vida. E essa dinâmica fomos nós mesmos que escolhemos fazer nesse mundo espiritual em comum acordo com o Altíssimo, não adianta querer descumprir esse pacto.

Vamos procurar ser gratos, vivermos felizes, sermos generosos com o próximo. Passado, presente e futuro. Nada é definitivo. O que foi feito está feito. O que fazemos agora modificará o nosso próximo passo com certeza. COMECE – Onde você está. USE – O que você tem. FAÇA – O que você pode. Como dizia o ex-tenista americano e número UM por vários anos no ranking da ATP, Arthur Ashe. 

Prudência, humildade e perdão. Inteligência Social, generosidade e amor. Perseverança e humanidade. Que assim seja, graças a Deus.