segunda-feira, 1 de maio de 2017

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes

Por ocasião da morte de Belchior, mais uma vez venho a constatar a nossa hipocrisia. 
Mais uma vez o mundo musical e artístico vem se manifestar de forma clássica sem esconder a nossa hipocrisia.

Agora é só notícia e coberturas daqui e dali. Todos os meios de comunicação, TVs com os seus telejornais, cobertura nacional, etc. Pobre imprensa estereotipada e sem criatividade. Todos cobrem igual, fazem tudo igual. Ninguém fez nada, quando o Belchior ligou o seu alerta silencioso. Ninguém foi lhe propor ajuda humanitária. 
Talvez se oferecesse audiência em troca. Coisas do tipo Geraldo e ou Ratinho, mas seria um dia, um programa, com certeza. Ajuda com continuidade quem deu foram os amigos anônimos da cidade de Santa Cruz do Rio Grande do Sul. 


Divulgação
Lembro daquela música escrita por Nelson do Cavaquinho, "Quando Eu Me Chamar Saudade", que dizia na letra: 
Sei que amanhã, Quando eu morrer, Os meus amigos vão dizer, Que eu tinha um bom coração, Alguns até hão de chorar, E querer me homenagear.
Isso foi dito lá pelos anos 80, cantado e versado por muitos, mas não aprendemos. Pelo menos, ninguém fez algo para mudar desde a perda dele em 86.

A nata artística carioca por excelência talvez daria uma atenção maior, como foi para Tom Jobim, Cazuza, Chico Buarque, Caetano, Gil e outros talentos nacionais.
Mas para Belchior não. Dizem que ele se mandou, se escafedeu e dai não fizeram nada. 
Continuo a parafrasear a música do Nelson Cavaquinho, que profeticamente dizia: Se alguém quiser fazer por mim, Que faça agora, Me dê as flores em vida, O carinho, A mão amiga.
A essa mesma mão amiga que Belchior cantava em suas canções. 
Você não sente nem vê, Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, 
Que uma nova mudança em breve vai acontecer, E o que há algum tempo era novo jovem, Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer. 
A mesma mão amiga que faltou para a Elis, Raulzito, Cássia Eller, Chorão, quando eles entraram em profunda depressão ou se desiludiram com a vida. A sociedade não perdoa porque é hipócrita.

Mas rapidamente ao soar a notícia da morte, vem todos a fazer as homenagens. Não! 
O Belchior não merecia isso. Por favor leiam suas letras e procurem entendê-lo. 
Não tome cuidado. Não tome cuidado comigo: o canto foi aprovado e Deus é seu amigo. Não tome cuidado. Não tome cuidado comigo, que eu não sou perigoso: - Viver é que é o grande perigo.

Hoje, segundo dia de seu passamento, após assistir as reportagens de cobertura nas TVs, não vi nada de especial. Por favor, acordem, salvem os próximos quando qualquer sintoma daquele grito silencioso de nossos ídolos, de nossos poetas, for dado.
Não fiquem ligados no automático. Por favor sejam pessoas que agem preventivamente antes do fato acontecer. Cuidem de nossos talentos. Não deixem para depois. Depois é tarde demais.

Me socorro mais uma vez ao nosso Nelson do Cavaquinho: Depois que eu me chamar saudade, Não preciso de vaidade, Quero preces e nada mais. 
O autor de Coração Selvagem disse em letra e na canção: Meu bem, mas quando a vida nos violentar, Pediremos ao bom Deus que nos ajude, Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é frágil. E ele morreu com o coração ferido e fraco. Pisamos forte quando ele pediu que pisássemos de maneira fraca. Forte foi o nosso abandono, nosso esquecimento.

Estou triste e decepcionado. Até quando seremos hipócritas? Quem será o próximo abandonado?
Mas se depois de cantar, Você ainda quiser me atirar, Mate-me logo!
Perdão, Belchior!