quarta-feira, 18 de junho de 2014

O peso da cadeira.

Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo. (Voltaire)
O que é estar do outro lado da mesa? Quando você decide, quando você manda, estar do outro lado da mesa, o torna poderoso, respeitado, odiado, você é o senhor da situação. A todo instante o telefone toca, sua caixa eletrônica vive cheia, via rádio ou presencialmente, você é a figura central, portanto é a mais requisitada. Com clientes e fornecedores, chefes e colegas do mesmo staff, você é o cara. Basta sair de cena, vupt, kabum, cadê o cara? Às vezes, ainda naquele período de desligamento que julgo que seja o pior momento de todos. Seus pares pedem os contatos dizendo: 
– Olha vou te ligar, hem! ou a famosa e estereotipada frase – Não desapareça, tá? 
Passado aquele período, a famosa quarentena, poucos se importam com você. Aquele ou aquela que anotou o seu telefone não liga, mas se por acaso cruza com você, lá vem a frase: " – Puxa estava pensando justamente em você, passa lá! Vamos tomar um café". Grande merda. Lembro e destaco uma parte da música de Nelson do Cavaquinho: Quando Eu Me Chamar Saudade, para ilustrar isso.
"Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora." 

Amigos do grupo ex-Abras.
Por isso que afirmo, quando você está com o peso da cadeira a favor é uma coisa e quando sai, o valor é bem outro, bem menor é claro. 
Não quero ser injusto, há aqueles amigos de sempre, estes sim, possuem valor. São amigos pra deixar a boca cheia. E os que te relegam são apenas pessoas conhecidas, que por um tempo, por serem colegas de rotina de trabalho, fazem temporariamente parte do universo de suas relações. Afinal, pelos 13 anos acabamos tendo um rol de pessoas bem elevado. Passa-se a depuração de dois ou três meses, a cai no esquecimento. Uns até fogem (ocultando-se) nas redes sociais e outros você os elimina por conta própria.
É a vida, não escrevo com tom de decepção, sou realista. Mas sempre temos uns nomes que julgamos de pessoas legais, das quais você gostaria de continuar mantendo uma boa relação e é aí justamente a minha estranheza. Creio que seja o tal peso da cadeira. Ninguém imagina que após o período dessa quarentena, você possa voltar e dar a volta por cima. Ou não respeitam a sua decisão de se afastar de vez da área que você atuava por tanto tempo, pendurando as chuteiras literalmente e que decide começar um novo ciclo. Na verdade há os que torcem para que tudo dê certo e os famosos "urubus de plantão" que torcem o bico e dizem sorrateiramente: – Quero que ele se f... 
Triste imaginar que ainda temos gente que pensa assim. Outro dia escrevi sobre os meus ciclos num destes posts do meu blog. Foram os três 10X3. Mas nunca vi nos anteriores o que vejo agora. Tanta gente que preferiu o esquecimento. Para se ter uma ideia, faço parte de grupos de ex-colégio, ex-faculdade, ex-professores das faculdades que lecionei, ex-Abras e nem de longe imagino participar de um um grupo de ex-gapnet. Por que estamos vivenciando esse tipo de relação? Será que somos nostálgicos que apenas gostamos de pessoas pelo simples gostar? E os de hoje que ainda buscam uma notoriedade que você já atingiu, são tão predadores, tão imediatistas, tão gulosos, para não afirmar que sejam uns grandes filhos da p...
Pena, pois a vida é uma ebulição só. Tudo está efervescente, não pára. O mundo vive dando voltas. E as pessoinhas não enxergam um palmo do seu próprio nariz? Diz o velho ditado que dor de barriga não dá apenas uma vez. Ou ainda a música do Adoniran Barbosa, Filosofia que fala:
"O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome".
Sim estou do lado de cá da mesa e não me envergonho e nem temo. Daqui há um tempo, tudo voltará ao que era antes e os que ignoraram, vão perceber. E nessa volta irei me lembrar do Gonzaquinha que dizia: Se é pra ir vamos juntos, se não é já não tô nem aqui...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Eu já fiz seis operações em 60 anos e você?

Hoje volto a escrever sobre minhas experiências nas cirurgias que passei. Que gosto esquisito diriam alguns. Ficar lembrando de experiências onde no mínimo passamos por agruras e fizemos pessoas que nos cercam mais preocupadas com os eventos médicos do que as experiências gostosas como viagens, festas, encontros, etc. Pois bem, já tive seis experiências nesse segmento clínico.
Quem tem mais cirurgias que eu, levanta a mão? Seis em mais de 60 anos equivalem a uma em cada dez anos. Apesar de ter passado por uma mesma intercorrência por três vezes, fiz outras três em outras partes do corpo. A primeira delas, uma úlcera epigástrica que me deixou pelo menos, um mês de molho sem ter absolutamente nenhum esforço abdominal, já que a alça do esôfago poderia ser forçada e tudo se abriria de novo. Lembro que trabalhava na Abras e tivemos uma reportagem eterna em S. José dos Campos, no Ciro Atacadista, empresa de destaque no Vale do Paraíba e que mereceu uma grande reportagem. Após o período de repouso, pauta pronta e lá fomos nós com o "seo" João, nosso glutão e  folclórico
motorista e o Luiz Gonzaga, jornalista da SuperHiper. Passei por alguns aborrecimentos pelos esforços. Sempre quis fotografar em ângulos diferentes. Subia em grua, escadas, equipamentos de elevar os produtos no alto do depósito, e por aí vai. Quase cai e fiz um esforço demasiado, porém o trabalho do doutor Henrique foi testado e aprovado. Esse mesmo doutor Henrique me atendeu na segunda cirurgia, um cisto sebáceo, mais adequadamente chamado de cisto epidérmico, é um caroço fechado abaixo da superfície da pele preenchido com material branco, semi-sólido, e de odor forte, sendo chamado de sebum.
O engraçado era que antes das duas cirurgias, ao ficar sem camisa, meus amigos e familiares diziam que eu tinha uma corcova e um leve sinal de engravidamento. Pronto, tirei os dois e fiquei novinho em folha. Vamos para as demais. Até aí, tinha menos de cinquenta anos de idade. Mesmo jovem e com muitas atividades esportivas e lazer intenso, nunca me machuquei gravemente. Fui me acidentar depois do cinquentinha. Vieram as três cirurgias do úmero, fraturado em três partes no acidente de ônibus do casamento de uma amigo de trabalho na rodovia Dutra, indo para o Rio de Janeiro, essa história já contei em outro post. Na primeira intervenção, o médico do Hospital São Luiz, Morumbi, um consagrado profissional de muitos esportistas me atendeu, porém seu trabalho após um ano foi considerado falho, pois o osso e a prótese quebraram juntamente, o osso de novo e a prótese partiram-se ao meio. A prótese era importada e de titânio, vieram até os técnicos suíços para verificarem a falha. Na segunda cirurgia no mesmo local, fiz com outro médico ortopedista. Dr. Mauro, santista como eu, que além de recolocar uma prótese menor, abriu na minha cintura, na região da bacia, o osso ilíaco para retirar parte em raspagem e fazer um enxerto. - Meu Deus, que dor que eu tive no pós-cirúrgico. Evacuar e urinar na famosa comadre, gelada, e sem ajuda, eu não faria nada. Uma verdadeira penitência para todos os meus pecados. No terceiro dia, alta e rumo para casa. E para tomar banho? Eu era totalmente envelopado de plástico. Depois veio a retirada dos pontos, afe! Saibam todos vocês, se alguém sofreu, esse cara, foi eu. Menos de um ano depois, volto a fazer as mesmas cirurgias, pois a prótese externa não ficou fixada de modo que qualquer esforço ou batida, o osso partiria novamente. O doutor Mauro e seu parceiro, outro santista, doutor Joel, fariam o que ficou definitivo até hoje, a colocação de uma haste interna e os parafusos em cruz atravessando o osso e fixando-se na haste, de fora para dentro. Ah, também precisei usar de um dispositivo operado por ondas magnéticas que induzia o enxerto no osso a se consolidar mais rapidamente, pois eu, pela idade avançada, teria dificuldades em fazer o osso se calcificar rapidamente. Importante, esse aparelho era colocado à noite, preso na região do meu braço e funcionava a noite inteira e se auto desligava pela manhãzinha, antes de me levantar. Mais tarde tive um efeito colateral, que minha esposa gostou muito. O priapismo, primeiro fazia meu rosto tremer do lado em que o aparelho foi colocado, e depois passou a me provocar a excitação voluntária. Devolvi o aparelho após a radiografia e os exames que constataram a sua eficácia na calcificação das fraturas no osso (úmero) do braço superior. Porém ao devolver, informei aos médicos que esse aparelho poderia se tornar uma verdadeira máquina de vendas, se o nome fosse Viagra eletrônico ou magnético. (Risos)

Após quase oito anos, voltei nesse final de semana a uma sala de cirurgia. Desta vez com o meu xará, o doutor Jorge, urologista. Tive que fazer uma operação dupla. Apelidei de PP. Pedras e próstata. Para aproveitar foram feitos dois procedimentos médicos. Quebra e retirada de cálculos renais que haviam se alojados na bexiga e a ressecção endoscópica da próstata. Tudo no mesmo tempo, mas que me deixou quatro longos dias internado no Hospital S. Camilo, aliás nota 10. Tive a felicidade de sair desse processo delicado de forma muito positiva. A recuperação seguirá em casa, e depois de um período de quase um mês, tudo deverá estar zerinho bala. Pois então, amigos. Essa última operação me deu muito mais confiança nas técnicas da medicina e em pessoas. 
Reconhecimento no trabalho dedicado das enfermeiras, pessoal do centro cirúrgico, atendimento antes, durante e pós operatório. O pessoal de apoio, que levava as refeições, cafe da manhã, almoço, chá da tarde e jantar. Minha querida filha Nadine, que permaneceu ao meu lado o tempo todo, pelo fato de minha esposa estar em tratamento domiciliar, e ficou impossibilitada de permanecer comigo. Da Micaela que foi na base do vapt-vupt. Todos os meus amigos dando aquela força nas redes sociais, pois eu adoro postar o meu dia a dia. Facebook, Twitter, Instagram foram testemunhas e canais diários da minha rotina no apartamento 245, do setor 2 do hospital. Meus queridos amigos Felipe e Sandra Vicentini, que me surpreenderam com a visita, ocasião em que tivemos uma boa conversa, aliás muito humorada, pra variar. E ao meu devotado cunhado, Odair. Sem esse meu irmão de fé, as coisas não poderiam sair a contento. Obrigado a todos. De volta para casa, agora iremos buscar a reabilitação total e partir para a luta. O Instituto Vital, minha família, meus amigos, todos precisam desse cara. Esse cara de muitas batalhas com Deus e por Deus, iremos vencer e caminhar para frente, sempre. Que venham mais histórias médicas com final feliz. Amém.