segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Capricho de colecionador ou visão de futuro? Curiosidades de viagens, parte 2.

Estamos em 1992. Dezembro, começo uma viagem maravilhosa com minha ex-esposa e nossa filha, Nadine com apenas quatro anos de idade. Chegamos em Londres, dia 06. O clima cinza londrino nos dá boas vindas, sem neve, apenas muito frio. Ficamos na casa do meu ex-cunhado, Adolpho, nos arredores de Londres. A ideia era circular pela Europa a partir daquele ponto.


De carro no sudeste alemão.

Dois dias após a chegada, partimos em seguida para os primeiros destinos rumo à Alemanha. Munique, nossa primeira base, bem ao sul. Alugamos um carro e a partir dai, seguimos pelo sudeste alemão para se atingir a antiga capital, Bonn, ao noroeste. Saímos de Munique para conhecer a toda região da Baviera passamos por Augsburg, Sttutgart, Karlsruhe, Heidelberg, Frankfurt, Worms, Koblenz, Bonn, Colônia e Düsseldorf.
Já em território britânico. Pai e filha, Nadine. (Arq. pessoal)
Foram dias de chuva, frio e pouco sol, recepção um pouco rude por parte dos alemães nativos, mas agradável de conhecer e curtir, além de saborear a gastronomia alemã. Circundamos os rios germânicos mais famosos, Reno e Mosel, aliás no local onde eles se cruzam. Pela estrada nos deparamos com a natureza bucólica, rupestre, com as paisagens lembrando os ambientes de contos de fadas. Após estas quase duas semanas, voltamos para Londres e partimos para a Escócia, no Reino Unido. 


Desta vez o caminho foi de trem. 

Algumas peças da coleção. (Arq. pessoal)
E por um destes caprichos do destino, ficamos em York (não confundir com New York) em uma casa com moradores fixos, que podemos assim dizer, como precursora do sistema AirBnb. Olhem que estou falando da década de 90.
Num passeio à cidade, totalmente cercada de muros, herança do Império Romano, como se fosse uma cidadela, lá estávamos atravessando pelas ruas centrais, quando me deparei com um nobre cidadão escocês de uma idade relativamente adiantada, usando bengala com pequenos brasões encrustados no corpo dela. Me chamou muito a atenção, achei diferente e interrompi este mesmo senhor, parando-o e lhe perguntei, se eu poderia ver a tal bengala. – No! Resposta direta e taxativa. Grossa e seca. Me surpreendeu. Entendi que os britânicos, leia-se escoceses são assim e me afastei. Mas olhei profundamente naqueles detalhes colocados em quase uma dezena no corpo daquele pedaço cilíndrico e comprido de madeira antiga.


Nascia um colecionador de bengalas. 

Em resumo, comecei a procurar em cada lugar que eu entrava uma tal bengala com aqueles adereços em alto relevo. Descobri em lojinhas de antiguidades que conheci naquele momento, que se chamavam "badges". Não demorou muito para que eu os comprasse. Também foram dezenas. Mas as bengalas? Não encontrei nenhuma com os 'badges' afixados. Compreendi que deveria ser adquiridos em separados. E a partir dali, nascia um colecionador de bengalas e de brasões para serem afixados no corpo das mesmas.

Peças para serem pregadas na bengala, "badges".
De lá para cá, compro bengalas e os 'badges' com regularidade. Atualmente não faço mais, tenho tantas que atrapalham o acondicionamento. Tenho bengalas de toda as parte do mundo que viajei. E em cada aquisição tenho uma estória. Em S. Francisco, no bairro chinês, deixei de comprar uma que era uma espada disfarçada. Hoje com os cuidados de segurança de voo, com certeza seria preso ou confundido com terroristas. 


Cuidados e ciúmes doentio. 

Outro dia, tive que emprestar uma para minha sogra usar. Mas vejam bem, cunhadas queridas, é por empréstimo. Me tornei um expert em bengalas. A mais cara de minha coleção é a de roseira, além de super resistente é muito leve, comprei numa viagem a Melbourne, na Austrália.
Peça toda entalhada. Na ponta um "Kiwi". (Arq. pessoal)

Em quase todas tive problemas de embarcá-las. Muitas foram entregues para a tripulação, me devolviam no final do voo. E por capricho, nem todas tem os badges pregados no corpo delas. Uma comprada na Nova Zelândia feita pelo artesanato moari, é tão linda que não tive coragem de danificá-la. É toda entalhada, coisa de colecionador, e não de um caprichoso usuário idoso.


Um hobby excêntrico.

E por falar nisso, ainda não estou tão idoso e necessitado de ajuda para me amparar com elas. Lembro que apenas usei em 2003, em junho daquele ano, quando sofri um acidente de ônibus e fiquei com fratura tripla no úmero esquerdo e após a cirurgia, por terem feito enxerto com raspagem do ilíaco (na cintura) em consequência, tive dificuldades de me locomover. 

Quando as pessoas conhecem essa coleção perguntam a razão. A uns digo que é visando o futuro, quando ficar bem ancião. Mas para a maioria digo que é coleção.

Mania de um viajante geminiano que gosta sempre de arrumar uma razão para justificar as compras de objetos excêntricos, que talvez, um dia quem sabe, poder utilizá-los.

sábado, 10 de novembro de 2018

Legado de pai para filhos. Algumas curiosidades de viagens.

“Claro, assim eu pude ensinar a elas tudo o que eu sabia”. 
Começo este post desse jeito, após conversar com alguns amigos, que temeram pelas viagens de minhas queridas filhas, sem a minha presença. Eu explicava sobre as viagens que as duas, Nadine (28) e Micaela (20), fizeram em 2017. Uma, em julho aos países andinos, mochilando e se hospedando em albergues, e mais tarde, a outra, indo para Europa (Alemanha, Suíça, Franca e Bélgica) em outubro. 
Viagens estas que fizeram sozinhas. Pelo primeira vez sem o pai no comando. 
É claro que monitoradas pela tecnologia que nos proporciona as Redes Sociais, aplicativos de localização, conversas por vídeo, áudio, enfim tudo a mão para nos deixar bem tranquilos.

Embora já tivessem viajado aqui pelo Brasil, porém foram viagens de escolas e feitas em grupo de alunos. Porto Seguro, Brotas, Sales, Chapadas, Rio de Janeiro, etc.
Mas lembrando sobre este assunto, acabei voltando ao tempo passado. 
Estamos em 1961, mês chuvoso de janeiro em S. Paulo, capital. Lembro ainda que assisti pelo rádio uma grande vitória do boxeador brasileiro, Éder Jofre, se tornando campeão mundial unificado, naquele dia. Eu, um guri com apenas dez anos acompanhava meu falecido pai, Hatim, junto com minha mãe, Odete e meu saudoso irmão, Hatim Jr.
Frente do hotel República, ex Amazonas. (Reprodução do Google Maps)
Estávamos hospedados no Hotel Amazonas, na av. Vieira de Carvalho, no Arouche. O hotel existe até hoje, à frente tem uma estátua de um índio, talvez fosse a razão do nome do hotel, Amazonas, porém hoje possui um outro nome, creio que seja República, por causa da proximidade com a praça. Desde aquela época, viajava ao lado do meu pai e começava o aprendizado, pela observância de como agir nas viagens.

Começava a partir da compra das passagens na empresa de ônibus, conferência do número de assento, dia e horário da viagem. Quatro lugares. Meu pai e meu irmão a frente e nas poltronas atrás, minha mãe e eu. Entrega das bagagens com a devida etiqueta de embarque. Paradas nos pontos durante a viagem. Restaurantes e toaletes, já que na época os ônibus não possuíam W.C. a bordo. Chegadas no destino. Fila para os táxis, chegada aos hotéis, bagagens, gorjetas, passeios, compras, etc.

Fazia isso todos os anos. É óbvio que aprendia a cada viagem. Já com a idade adolescente começava os meus primeiros passos para tentar fazer tudo aquilo sozinho. Buscava na mente aquele aprendizado silencioso fruto da observância, como disse anteriormente.
Micaela (menor) em Pucón com a irmã Nadine,
vendo a neve pela primeira vez. (Arq. pessoal)
Passado este tempo, depois de casado, e com as filhas a tiracolo, começava eu a fazer aquele ritual de viagens com as duas na base da mesma observância.
Muitas viagens, desta vez não mais de ônibus. As viagens seriam para outros destinos mais longínquos e por essa razão, o meio de transporte passava de rodoviário para aéreo, o ônibus mudava para avião.
Aqui as irmãs bem adultas compartilhando o frio do
Central Park em New York, nos EUA. (Arq. pessoal)

Aquele mundo das rodoviárias passa agora para os aeroportos. O número de pessoas e o ambiente é outro. Os cuidados são outros. Documentos, passaportes, moeda estrangeira, cartões de créditos, bagagens bem maiores e protegidas. E segue o périplo. Mundos diferentes, comunicação através das várias línguas, hábitos e costumes desconhecidos, adversidades culturais, principalmente em países europeus.

Certa vez cheguei a ser confundido na imigração em Londres e em Munique pela polícia alfandegária. E lá estavam os olhos das filhas observando tudo. Nas dificuldades em cidades menores, com hotéis dirigidos por imigrantes, principalmente asiáticos. Passamos frio em Worms e Koblenz, Alemanha, por causa de não se entender com os chineses da recepção como manejar o aquecedor do quarto, por exemplo. Acabei esquecendo algumas roupas (meu pijama, por exemplo) em Sttutgart, também no país germânico.

E lá estava a minha filha mais velha, Nadine com os olhos atentos em tudo. Mais tarde na América do Sul, do Norte e Oceania, as coisas ficaram mais facilitadas. O inglês, língua universal é mais compreendida por ser nativa no continente americano. E o portunhol usado no Chile, Argentina, Peru, Bolívia. Assim se tornou tudo mais fácil. E o ensinamento que levou ao aprendizado, seguiu por décadas e dezenas de viagens. Rodamos o mundo. Estava feito o ciclo. Completava as informações por osmose. Do meu querido pai para mim, e de mim para as gurias.

Hoje, quando as vejo viajando sozinhas, noto que valeu a pena mostrar o exemplo que segui de meu pai e dar o mesmo exemplo a elas. E é assim a vida. Um eterno giro. Aprendemos a enfrentar as situações no aprendizado do dia-a-dia. Fazemos as coisas naturalmente.

E ainda tem a melhor das situações. Quer saber? É quando juntamos todas as nossas expertises, fazendo as viagens com todos juntos. Ai, então, é covardia.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Em busca da origem.

Todos que me conhecem sabem bem do meu engajamento na Doutrina Espírita de Allan Kardec. Então porque estou buscando saber mais sobre os meus antepassados? Isso demonstra uma linha basicamente materialista, portanto, contrária ao caminho que escolhi da espiritualidade. Pois bem, é pura curiosidade de minha parte.

Apesar de ser uma coisa puramente aleatória, buscar as nossas origens é demasiado complicado. Temos atualmente famílias que gastam uma fábula para obter os documentos de antepassados por conta de conseguirem o direito de passaporte europeu.
Tudo isso para poder viajar e entrar na Europa sem complicações na hora da imigração. Conhecidos meus de descendência portuguesa, espanhola, italiana, francesa e até minhas filhas, Nadine e Micaela, com a cidadania germânica, procuram obter a facilidade desses documentos estrangeiros.

                                  Meu objetivo é buscar as minhas origens.

Como sabem, o Brasil é a pátria de todos os povos. Eu, por exemplo, sou uma mistureba danada. Sou descendente de árabe (sírio e libanês), português, índio (nativo brasileiro) e espanhol. Como árabe tenho o sírio (Abdo) e libanês (Salim), português (Teixeira) e espanhol (Martins), além do índio brasileiro (só sei pela arcada dentária). 
Documento de entrada de meu avô. (Arq. Família)

A parte árabe conheço por causa de documentos de meus avós, ainda os tenho, bem preservados, pois meu falecido pai os guardou muito bem. Até cartas de primos que não conheço, cujos parentes imigrantes se separam no porto de acesso ao Brasil, parece-me no Rio de Janeiro na década de 1910, início do século XX, tendo o meu avó seguido para região de Minas Gerais, Araxá e Uberaba, onde nasceu meu tio, Jorge. Depois seguiu para o interior de S. Paulo, São Carlos e Barretos, para mais tarde se estabelecer em S. José do Rio Preto, montando um comércio de calçados.
Meu segundo tio, Elias e meu pai, Hatim, nasceram nas cidades citadas desta caminhada.


Do lado de minha mãe querida, viva ainda hoje com os seus 92 anos, temos a mistura européia da península. Portugal e Espanha. Teixeira com Martins. Neste caso, ao contrário do meu lado paterno, os documentos são raros. A garimpagem de minha parte ainda não foi positiva, tornando meu trabalho muito próximo do fracasso, infelizmente.

Sei de uma prima em segundo grau que possui alguns documentos, mas ainda não os tive em mãos, faltando um tempo para as nossas agendas se coincidirem. Mas como o meu intuito é puramente sentimental, creio que ainda obteremos êxito em descobrir a história do meu lado materno.

Até brinco às vezes, que preferia que fossem todos os nomes trocados pelo Oliveira. Explico melhor. Como estudo muito para as minhas palestras espíritas e como gosto de mostrar a etimologia das palavras, andei pesquisando sobre as oliveiras, árvores milenares e que dão origem ao fruto mais verdadeiro para a nossa saúde.
Árvore do pensamento, uma antiga oliveira em Apúlia, Itália.

As oliveiras dão nome ao local onde Jesus foi traído por Judas. O Monte das Oliveiras. Estas mesmas oliveiras, dão o fruto, a azeitona, que por seu lado, produzem o azeite, o néctar da vida. As oliveiras são árvores que produzem o fruto, mesmo sendo centenárias, não existe coisa mais linda e digna de nossa admiração.

Portanto, amigos, a minha admiração pelo nome, 'oliveira' torna-se a razão de ter dito, que um dos sobrenomes mais dignos, ser um Oliveira. Há também a linha histórica dos novos cristãos, os judeus que sofreram a perseguição na Idade Média, que por necessidade de sobrevivência, adotaram o sobrenome Oliveira e outros mais. Um ponto marcante na História do Mundo no tocante a construção da humanidade. 


Mas voltando à minha árvore, não a oliveira, mas a genealógica.  Devemos continuar a seguir a busca pela nossa origem euro-árabe, que talvez lá na época dos mouros, deva ter sido construída com sangue muçulmano e dai estarmos definitivamente enraizados na Terra Santa, onde justamente as oliveiras tenham sido desenvolvidas para depois serem levadas à terra fértil espanhola.

Para comemorar, que tal uma salada mediterrânea regada com azeite de oliveira extra-virgem vindo da Andaluzia, também conhecida como a região do ouro líquido?

Em tempo: Que o meu cunhado não leia este post. Ele é Oliveira.
Em tempo 2https://www.publico.pt/2017/02/25/local/noticia/oliveira-mais-antiga-de-portugal-nasceu-ha-3350-anos-1762952?fbclid=IwAR0BoQkvp4uS_ksBpKivbQCLbh1CwgDHEUD3qyjwRdZr9_ihirJrpH6JLpE