sábado, 25 de março de 2023

Folhas Mortas.

“As folhas que caem passam pela janela 

The falling leaves drift by the window 

As folhas de outono de vermelho e ouro 

The autumn leaves of red and gold 

Eu vejo seus lábios, os beijos de verão 

I see your lips, the summer kisses”

E continua…


A estação mais introspectiva da Natureza.

É a nossa estação mais intimista da vida.

Outono. A estação que tem mais textos produzidos em todo este tempo. Textos que foram traduzidos em poesias, músicas, roteiros de cinema e documentários, enfim como a música “Folhas de outono”, que abre este post, talvez o ícone que sintetiza o que falo, que é cantada por mais de meio século por intérpretes lendários como Nat King Cole em 1955, por exemplo.


Como informação história sobre essa música, pois ela faz parte da minha infância, já que a ouvia desde os cinco anos de vida. "Autumn Leaves" é uma canção popular composta por Joseph Kosma em 1945 com letra original de Jacques Prévert em francês. Sendo um estilo jazz, a canção já possui mais de uma centena de gravações comerciais por artistas dos mais variados estilos musicais. Entre as versões mais notórias, temos a maior cantora francesa, Edith Piaf que gravou em francês e inglês em 1950. Yves Montand, ator e cantor foi primeiro a gravar originalmente em 1949. Também ouvi Bing Crosby (1950), Roger Willlians (1955), Frank Sinatra (1957), Doris Day (1956), Bill Evans (1959). E até Éric Clapton em 2010. 


Embora meio atrasado, já que o outono deste ano passou a vigorar a partir do dia 20 de março, segunda-feira passada às 18h25. Resolvi fazer este post sobre a estação da qual nasci, já que bem no finzinho dela em junho cheguei ao mundo. E talvez seja essa relação é que faz essa química entre nós. Já que sou um fã ardoroso do outono. Considero de longe a melhor estação, pois ela representa a transição entre o verão e o inverno. Por isso, ele apresenta características que se assemelham ao verão e ao inverno.



O outono é usado como simbologia de coisas velhas, associando as folhas que envelhecem e caem no caminho. A tradução livre da música é “folhas mortas”, do original francês. É a metáfora da velhice, de algo descartável. Dos tempos do conceito, nasce, cresce e morre. Bem parecido com a reencarnação, em que acredito.

Os dias são invariavelmente mais curtos, e daí falam que a noite chega mais cedo, tornando o tempo mais escuro, e os que gostam de correr, passear e caminhar pelas tardinhas, reclamam da falta de cores vivas. Mal sabendo que a natureza nos mostra as tardes mais bucólicas, nos reportando às belezas dos tons dourados e marrons da cor do mel, as folhas das árvores abandonam o verde, e brindam-nos com uma paleta de amarelos e castanhos, a que se juntam tons laranja, vermelho e roxo. A clorofila não atua nesta fase para expandir o verde, tornando o padrão que virá só na próxima estação primaveril. É como a falta da melanina na pele, deixando-nos sem pigmentação. 


Devemos tomar cuidado com as comparações que se tornam clichês. Considerar o outono como um período sombrio e estabelecer o critério de que verão é o melhor período para desfrutarmos, é um terrível equívoco. Mas fazer o quê? O turismo por exemplo considera alta temporada a estação Verão. Todavia sabendo que, no hemisfério sul, por exemplo que o inverno, também é alta temporada. Jogando as outras estações que ficam quebradas em meio de períodos como baixa estações. Os conceitos burocráticos que época de atividade escolar nas baixas estações e o período de férias nas estações consideradas comercialmente interessantes para se viajar, descansar, aproveitar para recarregar as baterias. Pobre outono. Ficou jogado as traças. 


Mas afirmo. Grande erro. O melhor para se aproveitar é o período de baixa. Mais barato para viajar, hospedar, passear nos parques temáticos, tudo sem fila, tudo tranquilo. E isso não é bom? Eu adoro. Para mim, as melhores estações para viajar, passeios, compras e até comer, tanto no hemisfério norte, ora outono, ora primavera, e no hemisfério sul, ao contrário. Bom do mesmo jeito. Essa é a dica. Esse é o efeito colateral que o outono pode oferecer. 


A quem diga que o meio dos trópicos é o melhor. O meio é o equilíbrio. O intermediário não é tão radical como os extremos. Nem tão quente, nem tão frio.

As pontas se distanciam. O meio aproxima. Entre o solstício e equinócio, prefiro o equinócio. Eles indicam que o outono e a primavera estão em vigência. Vamos deixar os solstícios para os radicais extremistas do tempo e temperatura. Aproveitem os seus verões e invernos. Deixem-me ficar com o meu outono. E já que as linhas paralelas e os meridianos, assim como a linha do equador, são imaginários, deixem-me ficar imaginando o meu trópico de Capricórnio, com os meus meridianos, abaixo da linha mediana do globo, com o meu clima temperado. Adoro água morna para tomar o meu banho diário. Fui.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Senta que lá vem história.

Muitos já me conhecem em meus posts, tipo crônica do cotidiano. Já escrevi quase uma dezena sobre as situações que ocorrem no transporte público, via de regra em ônibus, já que uso mais vezes do que o Metrô, trens da CPTM e carros por aplicativo.

O que se passa nos ônibus, é digno de um roteiro para novelas, a cada viagem observo tudo, pois minhas viagens, do bairro da Lapa até o ponto final no centro da cidade, tem pelo menos, 10/15 pontos e durante 30/45 minutos tudo me fascina. Não é rotina. A cada passageiro, a cada um que sobe ou desce, tudo pode acontecer. Surpresas boas ou decepção geral. 


Há um tempo, já não relato “novidades”, as tais surpresas das quais eu tenho citado. Atualmente, como já se fez um hábito. Almoço com alguns amigos a cada semana ou quinzena. Esses velhos colegas, de empresa, ou parceiros de trabalho no segmento do turismo e outros amigos que a vida me apresentou. Sempre escolho um dia da semana para nos encontrarmos e falar sobre as novidades e porque não, relembrarmos de antigas situações da rotina do nosso antigo trabalho.


Marcos, Paulo, Dênis, Roberto, Luiz, Héctor, Rafael, Rogério, Oscar e outros mais, são os caras que me atualizam sobre o trade do turismo. Eles ainda permanecem trabalhando já todos são bem mais novos do que eu. É a hora do mestre, como eles me chamam, reaprender com os pupilos. 

É, a vida dá voltas. E isso é maravilhoso. Muito rico. É o maior combustível que poderia ser utilizado. Sou muito grato. 





Como havia dito. Utilizo os ônibus. Às vezes, o caminho de volta também é através de ônibus. E acabo pegando em pontos específicos. Às vezes no ponto inicial no centro velho de Sampa. Outras vezes, como neste dia de hoje, em um ponto próximo do escritório do amigo, Dênis. Rua Rego Freitas, próximo da rua da Consolação e da Igreja de Na. Sra. do mesmo nome. Ônibus de número 879A - Perdizes. Os horários em que adentro neste ônibus são sempre os mesmos. Após o almoço, ainda paramos para um café na região da Av. Ipiranga e Av. 

S. Luís. Depois seguimos a pé e finalizamos os papos que inicialmente começaram antes de chegarmos aos restaurantes. Aliás uma coisa que sinto, é a saudade da qualidade dos restaurantes e cafés desta área em que atuei e permaneci por anos. Creio que primeiramente de 1984 a 1989 e depois no meu retorno no turismo em 2001 até 2014, ocasião em que acabei me afastando do trabalho diário e fixo.


Por ser quase sempre no mesmo horário, notei como de outras vezes, que o motorista parava num determinado lugar, abria a porta da frente sem ser para descer algum passageiro. E quem descia era a cobradora. Aquela mesma que vi em outras oportunidades. Só que hoje, desconfiado fui ver o que se passava, pois após alguns minutos, ela voltava com dois copos de plásticos com café. Assim, beberam aquele gole quentinho e seguiram a viagem.


Não sei se isso é permitido ou comum para outros motoristas e/ou cobradores. Mas no mínimo é interessante ou curioso. Me lembrei da caminhada que fiz com meu amigo, depois de almoçar e seguir de volta. Eu e meu amigo, privilegiados com tempo para parar num café cheio de gente bonita, café acompanhando de um petit four, água gaseificada, um naco de sorvete ou um teco de chocolate. Do outro lado, um motorista de ônibus sujeito ao stress diário do tráfego, buzina de carros, desvios de motoqueiros costurando as faixas, passageiros mal educados, nervosos ou revoltados que acabam descarregando no pobre profissional, que arrumou um jeito diferente e inusitado de saborear “um momento único”, ali naquele trecho da viagem. 


Saúdo essa atitude dele e de sua parceira de trabalho, a cobradora. Peço por mais “jeitinhos” de se relaxar nos caminhos destas estradas de Sampa. Outro dia vimos um motorista vestido de Papai Noel, dirigindo um ônibus caracterizado com o tema natalino. E foi despedido por pura intransigência regulamentar das empresas que se preocupam em cumprir determinações ultrapassadas. 


Precisamos caminhar com olhares cheios de ternura. Eu vi duas pessoas especiais neste dia de hoje. Eles me fizeram sorrir. Gostei.