domingo, 22 de novembro de 2020

Apologia preconceitual.


Apologia preconceitual.

Boa hora para se falar em Vidas negras importam. Outro dia foi o Je suis Charlie; também teve uma retumbante comoção a morte de Marielle. Dramas dos refugiados. E por aí vai. 

Mas o que está por trás disso tudo? Por que tamanha incredulidade? Por que temos esse comportamento após um ato cruel?  A foto do menino sírio comoveu o mundo! Alguma coisa mudou depois?

Por que um só Dia Internacional da Mulher, seguido de dados com número recorde de feminicídio; um só Dia da Consciência Negra, seguido por números enormes de mortes e agressões racistas. Por que Parada LGTB+, seguida de dados de racismo homofóbico que só aumentam e com agressividade contra os homossexuais?

Será que não estamos sendo hipócritas descarados? Será que apenas somos reativos quando acontece o fato? 

Que tal tirar a máscara da hipocrisia e lutar para serem feitas as ações que evitem a estupefação na opinião pública através de mídias sociais e imprensas, tanto escrita como faladas?

Que tal começarmos a mexer na ferida? Educação dá a resposta à nossa questão. Sem viés de culpa. A história é a mesma de sempre. Culpa pela escravidão, e aí fazem a mea culpa introduzindo um programa de cotas nas universidades e na política.

Culpa por não libertar a mulher para ser reconhecida na igualdade de direitos como os homens. Salário diferente, porém, menor. Responsabilidade diminuída no trabalho profissional, cargos e carreiras. Vejam o número de homens que ganharam o Prêmio Nobel? As mulheres são em menor número infelizmente. 

Vivemos como os cachorros que correm atrás do rabo. Não vamos ao encontro da causa, mas sempre no sentido do efeito. 

Isso faz parte do nosso passado. Fomos colônia e sofremos dessa síndrome. Precisamos nos libertar dessa dependência histórica. Algumas regiões reocupadas por outras nacionalidades nos mostram essa diferença cultural. O sul do país é bem mais adiantado e independente do que outras regiões brasileiras. Essa cultura é percebida em muitos segmentos. O range cultural e conquistas são enormes e o gap cultural é descomunal.

Essa situação deveria ser modificada e devemos crer que passa por decisões políticas, o que torna tudo isso bem difícil de conseguirmos. Mas deve-se dar os primeiros passos. Como fazer? Passa por ações e atitudes que a sociedade deve atuar de forma radical. Mudar tudo, doa a quem doer. Grandes mudanças são seguidas de grandes dores-de-cabeça, sacrifícios devem ser adotados. Se não for assim, cairemos na mesmice chata de tudo que dissemos antes.

Recordo da minha infância infância e adolescência no interior de S. Paulo. Lembro-me do jogo de pelada no campinho chamado Cruzada. Não queiram saber a razão? Não sei. Mas a escalação dos times, sei bem.

Alemão, Barriga, Girafa, Baixinho, Bigode e Turco. Zé Tripa, Negão, Bafo de Onça, Foguinho e Judeu. Mas podiam entrar a qualquer hora os reservas como Tonhão, Peidorreiro, Viado, Perninha, Japa, Carniça, Fuminho, Magrelo, Careca, Corno, Mixirica, etc... Ah, esses jogos não tinham juízes, diríamos que a nossa escolha foi sábia e acima de tudo, preventiva.

Podemos perceber que essas pessoas tinham muito a ver com os apelidos, e se tivéssemos redes sociais com a realidade patrulhada de hoje, quase nenhum desses apelidos não seriam permitidos e provavelmente teríamos notícias sobre um tal de bullying, um tal de racismo estrutural, um racismo religioso ou perseguição racial, homofobia, gordofobia, imoralidade, preconceitos em geral. 

Negar a escalação desse time hoje, poderíamos dizer que evoluímos? Creio que não. As pessoas que participaram deste time, hoje são cidadãos normais, ninguém se sentiu humilhado por ninguém, até riam das consequências e até hoje não perderam a tolerância como prática de vida. O respeito foi adquirido com vivência, sobrevivência, discussões e muitas bolas no gol, esse foi um caminho de duas mãos. Ida e vinda. Mudança de lado a cada tempo de jogo. A palavra-chave é TOLERÂNCIA. 

Nessa turma aí, hoje temos engenheiros, médicos, dentistas, jornalistas, publicitários, funcionário público e pessoas normais, todos chefes de famílias, país, avós, e educadores no seio familiar. Entendo que as gerações que saíram desses “caras”, hoje não agem e não provocam distúrbios e nem participam com patrulhamento com viés políticos ou ideológicos. 

Precisamos tirar essa pele de críticos que não levam a nenhuma evolução social, racial, profissional, familiar e acima de tudo, paladinos das causas sem motivo, que no fundo são extremistas que estão aí para apenas bradar. Soy contra, apenas contra, dá Ibope. Não vejo resultados nas formas de reclamações iradas, revoltas nas ruas que atingem pessoas anônimas e que morrem duas semanas após o ocorrido.

Precisamos abrir os olhos e principalmente, a mente. Ah, ter bom senso, viu?

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Ainda não aprendemos a viver.

 Ainda não aprendemos com a vida.

2020 - Plena pandemia. Sem os antivirais e as vacinas, ficamos esperando sem perspectivas de soluções.

Mas, afinal o que nós esperamos? Sem fazer pesquisa, basta olhar o noticiário. Queremos voltar a consumir, viajar, festejar, comemorar, passear no shopping, enfim fazer o que sempre fazíamos antes desta pandemia. 



Quando digo que não aprendemos, afirmo que não pensamos em modificar nossas atitudes, não nos transformarmos, não fazemos as nossas reformas íntimas. 

Não queremos nos tornar pessoas melhores, mais solidárias, compreensivas, preferimos manter nosso orgulho, sermos exibicionistas, egoístas, adoradores do próprio umbigo.


Devemos refletir no que devemos fazer a partir dessa nova realidade, o tal novo normal. Insistimos em repetir tudo que fazíamos. Nada está servindo para mudarmos, não queremos mudar, não aceitamos as mudanças. Não queremos mudar e ponto. O que fazemos é só reclamar das quarentenas, faixa amarela, faixa vermelha.


Tudo nessa vida é pura repetição. 

Vemos uma realidade de negarmos as mudanças, é só ver as recentes eleições, os mesmos políticos estão retornando, o velho jeito de se levar vantagens. Não há novidade. Não fazemos novas descobertas. Não estamos aceitando novas tendências, o novo normal.


As únicas mudanças que vimos foram para alguns setores e elas são frutos da necessidade de sobrevivência, não por  opções saudáveis, naturais de sequências desta nova onda de regeneração. 


Sempre dizemos que há mudanças na base da dor ou do amor. Será?

Creio que só está havendo mudanças pela dor. Se fosse por amor, teríamos outra geração de humanidade, a sociedade seria mais generosa, mais espiritualizada.


Por exemplo, a questão de se desejar a comemoração do Natal repetida, igual as festas anteriores. Pra que gastar, consumir itens caros, exibir presentes de elevado valor agregado? Por que se deslocar, viajando para cidades cartões postais e comemorar suntuosamente? Por que optarmos para os congestionamentos de aeroportos, rodoviárias, estradas, etc.


Não seria melhor um Natal minimalista em família e comemorar com quem realmente faz o aniversário? Se Jesus vivo fosse, com certeza iria pedir uma comemoração simples e humilde. Às vezes o Natal deve ser apenas com Jesus e os nossos familiares mais próximos.

Vamos deixar para outras ocasiões, o aumento de número de pessoas para fazermos aquela festa monstro. Não é o período de aglomerações. Respeitem o isolamento.


Essa maneira de se comemorar com alto requinte e ostentação não condiz com as origens humildes de Jesus de Nazaré. 

Os presentes que os três reis magos apresentaram à Família Sagrada também significam que devemos nos afastar daquele exagero consumista tradicional.


Mas porque insistimos em ser pessoas que agem justamente ao contrário daquilo que chamamos de atitudes sensatas. Fruto de sociedade consumista que faz as pessoas comemorar em alto estilo. A propaganda nos enfeitiçando na TV, nas mídias sociais para mostramos nossas conquistas materiais. O negócio é badalação. Viva o exibicionismo.


Por isso considero que ainda não aprendemos. Nesse período da pandemia bem que poderíamos exercitar essas mudanças e aprender, mas não será desta vez. Os irresponsáveis preferem reunir as multidões. Que venham as festas, que venha o réveillon, que venham os boletos, a gente só quer se divertir, o resto a gente corre atrás. 


Quem sabe uma outra estrela de Belém nos faça encontrarmos uma nova guia?

Um novo caminho, mas que desta vez saibamos seguir o verdadeiro aprendizado. Quem sabe na outra encarnação?


Aliás, faltam menos de 40 dias para o Natal deste ano, lembro-me de como falava um antigo anti-tabagista, quando via um fumante: - Já se valeu do seu livre-arbítrio para morrer um pouco mais no dia de hoje?