domingo, 13 de julho de 2014

Voltem aos seus postos de trabalhos, brava gente brasileira.

Acabou a Copa, vamos trabalhar!
Fim da Copa do Mundo FIFA-Brasil 2014. 64 jogos ou 64 capítulos de uma mini-novela que poderia ter vários nomes. Poderia ser: 2014 - A Vergonha de 50 é redimida; A tragédia dos 7X1; A Lavada no Mineirão; O Massacre de Minas até O Escândalo no Copacabana Palace ou A Invasão Portenha. Os atores, além dos jogadores protagonistas principais, foram alguns canastrões como os 3 Patetas, Galvão, Ronaldo Nazário e Valter Casagrande, além de outro trio de fazer chorar e não rir: Felipão, Murtosa e Parreira. Mas o que era bom ou ruim acabou, afinal! A Copa se foi, o que tiramos de bom desse evento que paralisou literalmente o país?
A seleção foi o espelho da nossa realidade brasileira, péssimo na Educação, sem planejamento na Segurança, perdidos em vários investimentos, dirigentes falastrões e prepotentes, deturpadores da realidade, pois para eles tudo foi bem feito, etc.. Mas vamos ao que interessa. O que nos restou?  
Vamos aos legados positivos.
1. Exemplo dos japoneses que limpavam a sujeira causadas pelos torcedores nos estádios.
2. A eficiência da Polícia Federal brasileira em desbaratar a quadrilha dos ingressos e prender os figurões estrangeiros que se juntaram com a máfia dos cambistas, praga que ninguém ousou acabar um dia.
3. A arrecadação de mais de 10 Bi nas contas brasileiras por conta dos gastos dos turistas. Nem de perto que irão recuperar a grana que escoou pelo ralo da corrupção, porém é um número altamente positivo, pois mostra que se fossemos mais organizados política e administrativamente, colheríamos frutos nas contas finais entre investimento e retornos financeiros.
4. A receptividade e hospitalidade brasileira, apesar de registros de alguns deslizes, é normal, seria impensável funcionar 100% sem problemas em locais de grande aglomeração.
5. A participação da delegação alemã na Vila de S. André, em Santa Cruz da Cabrália. Eles adquiriram o terreno, construíram os alojamentos (tipo hotel), construíram um centro médico, montaram um campo de futebol, fizeram uma estrada para interligar o centro de treinamento e tudo isso sem ter funcionários alemães, eles contrataram as pessoas da vila, brasileiros sem oportunidades de trabalho, ensinaram línguas inglesa e alemã, para depois recepcionarem os futuros turistas que por certo voltarão. Com a sua presença levaram melhorias e ensinamentos para os nativos e o legado para as próximas gerações locais. Aliás não podemos chamar isso de legado, é doação. Foi feito algo que os nossos governantes deveriam ter feito há muito tempo. E isso deveria ser imitado por essas mesmas autoridades em todos os lugares neste país.
6. Liberdade de expressão, apesar de haver um maior policiamento e um recuo no número de pessoas nas manifestações populares.
Agora os legados negativos.
1. Vaia à presidenta na abertura em S. Paulo, atribuída à elite paulistana e ao hino do Chile por parte de maus brasileiros em Brasília.
2. Aos defensores das teorias de conspiração, que sempre surgem quando a seleção brasileira é eliminada prematuramente. 
3. Ao "jeitinho brasileiro" nas vendas de ingressos para cadeirantes.
4. Ao anti fairplay contra os hermanos, franceses, chilenos e outros torcedores de países que nos visitavam.
5. A CBF e seus asseclas, tremendos incompetentes, se achando os melhores, ávidos por sangue, agridem jogadores chilenos na entrada dos vestiários comuns para ambas equipes e a tremenda falta de educação e esportividade na entrega das medalhas do terceiro lugar à equipe da Holanda, quando abandonaram a cancha antes da cerimônia se iniciar. Isso é vexame internacional, bem pior do que as derrotas que valeram 10 gols em dois jogos.

6. A bagunça geral no bairro da Vila Madalena, cuja responsabilidade inteiramente foi da nossa Prefeitura que não cuidou como deveria, somente tomando providências após o caos ser estabelecido.
Aliado a tudo isso, vemos que os grandes legados da infra estrutura propriamente dita como os estádios, os verdadeiros elefantes brancos ou de concreto nos estados do Ceará, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte, regiões onde não se tem nenhum representante na divisão maior do futebol brasileiro, que irão amargar os custos inerentes do pós-Copa. Nem irei comentar o que se "roubou" antes. Lembrem-se, por exemplo, que funcionários morreram nas construções e seus parentes estão à míngua. Sem contar que as outras obras prometidas nos entornos dos estádios e estruturas para a mobilidade que nem saíram do papel e outras que ruíram como feitas de areia. Mas irei apenas me ater ao pós-Copa. Sabem quanto custa param manter um estádio desses sem público, sem evento? De R$ 40 mil a R$ 100 mil, dependendo do estádio. Fora os valores que deverão ser pagos (?) ao BNDES pelos empréstimos. Dinheiro mensal que faria milhares de municípios brasileiros, funcionarem anualmente com uma ótima estrutura. Será que iremos nos esquecer novamente do descalabro governamental? O povo brasileiro é muito cordial. Mesmo que haja essas manifestações dos contra, dos incrédulos, dos anti-situação, é pequeno para modificar ou até mesmo ter eco e botar esses ladrões do erário na cadeia. Coisa difícil, já que o único saco roxo que condenou os membros do mensalão, pediu penico e caiu fora. Mas, os órgãos fiscalizadores, órgãos do Ministério Público, sociedade organizada, entidades sérias e o Terceiro Setor com a imprensa sem rabo preso, poderiam se juntar e fazer uma limpeza oficial e justa neste país, seguindo as leis constitucionais. Me chamariam de extramente ingênuo, crédulo, idealista, utópico ou sei lá o que mais. É preciso que façamos algo. É necessário uma transparência geral das contas e das manipulações. Vem aí as Olimpíadas e junto o vexame mais que esperado, a Roubobrás S.A. irá continuar com os seus tentáculos e os resultados serão iguais ao triste 7X1 contra a Alemanha.
Visitava a Austrália em 1994 e vi com os meus próprios olhos jovens adolescentes sendo treinados em quadras espalhadas por todos os lados para o evento em 2004. A estrutura já estava praticamente finalizada. Eles queriam fazer bonito, interna e externamente. Vocês ouviram algum escândalo ser ventilado na imprensa mundial? Claro que não. País com pessoas sérias, de dirigentes sérios, nada de política no esporte, nada de dirigente que tenha ficado rico ou bilionário com a preparação deste evento. Será que alguém viu o patrimônio do sr. Nuzmann? O do sr. Ricardo Teixeira sabemos, mas alguém peitou esse cidadão? Poucas pessoas denunciam e desaparecem de repente. Algumas figurinhas marcadas na imprensa insistem, mas estranhamente perdem seu emprego, voltam ao cenário e emudecem. 
Há os que insistem e acabam virando assunto de chacotas, exemplo do Juca Kfouri. Não quero ser um brasileiro com uma faixa na testa escrito: TROUXA! Serei uma voz ou pelo menos, aos meus poucos amigos que leem o meu blog, seremos um pequeno grupo de inconformados que não sentem as suas vozes ecoarem. Mas irei dormir em paz. Ficarei com a consciência limpa e mostrarei aos meus filhos, netos, parentes, amigos, vizinhos e leitores, que não iremos consertar o que achamos que está errado, mas um minúsculo neurônio, aquele que faz o músculo da face sorrir, estará sempre ativo e operante, não ficarei com a cara suja, não serei cara pintada, serei e morrerei com a cara limpa. E agora? Que tal irmos trabalhar para pagar as contas, porque os ladrões de plantão que não dormem em Brasília já estão pensando o que fazer para depois de primeiro de janeiro de 2015. Vocês duvidam?

*Em tempo: Os Sarney já perceberam que tem e vem coisa feia por aí e já estão pulando fora do barco. Me lembrei de um "causo" antigo. Falava-se sobre um rico e sonegador de impostos, muito famoso em minha cidade. Lá ele que tinha uma sala no escritório no último andar de um prédio de 30 andares. Ouvi sempre esse comentário: "– Se o fulano pular de lá de cima, pule atrás".

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