segunda-feira, 21 de julho de 2014

Não é ficção. Fui ao bairro Bom Retiro e vi que a paz existe.

Há uns dia atrás fui visitar um casal de amigos arquitetos, no escritório deles no bairro do Bom Retiro. Bairro habitualmente conhecido como região de judeus, e acabou que sendo engolido pelos coreanos, além de gregos e bolivianos.
Ainda possui a marca de judeus no antigo teatro TAIB (Teatro de Arte Israelita Brasileiro), embora deteriorado e abandonado, hoje fechado. Nas ruas, eles se misturam com os asiáticos e latinos. Frequentei a casa de uma família, através de uma amiga, Raquel, namorada de um colega de faculdade, moravam na rua Amazonas, bem no final. 
A Polícia Militar povoou a região com prédios oficiais, já que vários setores dos batalhões militares estão distribuídos na região desde a rua Cantareira até a avenida Tiradentes. As lojas de roupas, outrora somente atendidas pelos judeus, ficaram repletas do outro lado da avenida, de lojas genuinamente para noivos. A rua São Caetano é um exemplo disso. Por incrível que pareça, temos quatro igrejas católicas. A D. Bosco indo para avenida Rio Branco, mais acima, e outras próximas da Tiradentes, a Igreja de S. Cristovão e a Na. Sra. Auxiliadora. Temos a Cúria e as irmãs enclausuradas, e quase ao lado a Igreja Cristã Ortodoxa Grega, e além da mais famosa, a Igreja de Santo Expedito, quase dentro do pátio do Batalhão Tobias de Aguiar. O convívio entre as raças e religiões é natural e inteiramente amigável. 
Meu primeiro emprego, 9o. no gigante Zarzur, SP.
Tivemos um período de degradação na região próxima a antiga estação rodoviária em frente a estação ferroviária Julio Prestes, a tal cracolândia. A região apesar de ter havido uma tentativa de melhorias feitas pelo Estado de S. Paulo, ainda não emplacou. Mas temos a Sala S. Paulo, no complexo Júlio Prestes, onde as grandes orquestras se apresentam. O museu da Língua Portuguesa na estação ferroviária da Luz. E o rejuvenescimento da rua José Paulino e imediações, do comércio de modas, agora encabeçada por coreanos e não mais os judeus. 
Não pude deixar de lembar que os meus primeiros empregos na década de 70 foram bem próximos e viajei no tempo. 
Durante o almoço com os meus amigos, Sandra e Felipe, comentei que a região é bem parecida com os bairros próximos de Manhantan, em New York. As pessoas orientais e os judeus dão essa pincelada diferente. Os bares e restaurantes também. 
Rua Dutra Rodrigues, 64 - meu terceiro emprego. Hoje mudado.
E nesse clima de frio e garoa, cheguei a pensar que estava por lá mesmo. Falei em viagem no tempo. Me lembrei dos três primeiros empregos, dois pela região e outro na parte inicial do Vale do Anhangabaú, rua Álvaro de Carvalho. Mas o primeiro foi na rua Brigadeiro Tobias, 118 no Edifício Zarzur e Kogan, também tinha entrada pela avenida Prestes Maia, continuação da avenida Tiradentes, sentido praça das Bandeiras.
E lá na região do parque da Luz, quando trabalhei na rua Dutra Rodrigues, primeira travessa da rua São Caetano ou como os nubentes dizem, Rua das Noivas. 

O Faláfel - prato típico árabe em pleno Bom Retiro
Cheguei a tomar café expresso e comer uma das melhores coxinhas do mundo, no Terraço Jardim Toscano, próximo da parada de ônibus, dentre eles os números 45/46 - Estações da CMTC. Lá nesta região, dei os meus primeiros passos na área em que segui profissionalmente, produção gráfica era o nome que hoje modernamente dizemos design gráfico. Trabalhei num estúdio dentro de uma gráfica. Criei e fiz mais de 100 logomarcas. Tanto que me capacitei para tempos mais tarde, lecionar matérias desta área nas faculdades Metodista e Alcântara Machado (FIAM), depois FMU, nos anos 80. No almoço com meus amigos, pude ver o quanto é bom viajar na memória. Ver também uma paz que os judeus e árabes buscam tanto lá na Terra Santa e que não encontram caminho, porém no Bom Retiro, isso já existe e dura mais de centenas de anos. Perguntei porquê? Não sabemos. Comi um prato típico e saboroso da região em conflito. Faláfel. E quietinho, no silêncio de minha memória, brindei a paz que lá na Terra Santa está distante, mas que aqui no Bom Retiro, está firme e forte como nunca. Shallon Adonai - Salaam Aleikum

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