terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Cenas do cotidiano que não vemos.

Estou beirando os 72 anos. Vivi pelo menos 12 destes anos todos, próximo de um local que os meus olhos insistiram em não ver. Ignorarei além dos 8 anos em que tive bem próximo. E depois disso outros quase 25 anos continuei sem ver. Quanta santa ignorância. Desinteresse, sei lá. Temos o péssimo hábito de não olhar o que nos cerca. Somos regidos pela soberba. Alguns atribuem ao horóscopo e se você é de um determinado signo, você é taxado disso ou aquilo. Creio que parte disso tem a ver mais com o nosso comportamento social, atitudes provenientes da nossa formação psicológica e educacional. 



Apesar de ser genuinamente do signo de Gêmeos, cujo signo é o verdadeiro saco de pancada das pessoas. Todas as mazelas são atribuídas ao geminiano. Sofri muito, hoje dou gargalhadas por tamanho bullying sem nexo que sofremos. Horóscopo, previsões, futurismo, estão mais próximos do charlatanismo e vulgaridade, do que outra coisa cientificamente comprovada.



Mas, o assunto não é este. O foco é o desconhecimento formal que temos. E isto é muito sério, pois perdemos muito em nossa formação do conhecimento, das experiências de vida, que por certo contribuirão para o nosso crescimento intelectual. Falo sobre das coisas que nos cercam. Talvez por acharmos que as coisas não sairão do lugar, acabamos não dando importância. Principalmente as coisas mais estáveis, imóveis, paredes, calçadas, muros, natureza como árvores, postes, portões, etc.


Outro dia desses, como idoso que sou, associado ao convênio médico Prevent Sênior, fui cumprir um agendamento de procedimento, o exame de Tomografia na unidade do bairro de Pinheiros. Lá constava o endereço da rua Cristiano Viana. 

O interessante é que trabalhei nesta rua durante os anos 1987 até 1995, ou seja, oito anos dias e dias frequentando o mesmo endereço. Só que, como disse, tive olhos para o meu trabalho exclusivamente. É claro que guardo muitas lembranças de lá. Amigos, colegas, conhecidos, chefes, diretores, empresários. A empresa era numa vila na rua Cristiano Viana. O tráfego era muito complicado, pois as ruas do bairro, não acompanharam o desenvolvimento. Estreitas. Todas em sua maioria casas que passaram de moradias transformadas em escritórios. Com deficiência em garagens para estacionamentos, as ruas viraram uma verdadeira barreira para que pudéssemos ver ou olhar belezas arquitetônicas como essa, motivo de meu post. 


A pressa, a correria do nosso dia a dia, deixava-nos cegos e nos impedia de notar as atrações do bairro. Até mesmo a nossa querida vilinha, se transformou. Hoje ela ficou toda dividida em várias pequenas lojas. Sinal dos tempos. 

Entretanto, o meu motivo para a surpresa que tive no dia em que me desloquei para o local do exame de tomografia, foi me deparar com um cenário lindo e super interessante, que repito, desconhecia completamente. Não sei se com palavras me farei ser entendido. Talvez a foto seja mais convincente. Um paredão cobrindo as escadarias do final da rua Cristiano com outra rua, a Cardeal Arcoverde. 


Uma verdadeira obra de arte concretista, que talvez nem o engenheiro tenha pensado em fazer como uma peça de arte. Deve ter sido puramente uma obra natural regida pela adaptabilidade da topografia do local. Creio que se fosse executada por um arquiteto, teria tido essa sensibilidade. Mas prefiro reconhecer que seja uma obra de arte anônima buscada pela funcionalidade da execução que o terreno pedia. E que muita gente, como eu, deve não observar na correria do dia a dia. Vale o registro. Não sei de quem é a foto. Perdoem-me.

Nenhum comentário:

Postar um comentário