segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Decepção. Desisti de crer nos políticos e dirigentes do Brasil.

Hoje vi e tive certeza que não somos um país sério. Me lembro desde pequeno, o meu pai, que foi político em Rio Preto, duas vezes vereador nos anos 50. Dizia ele, que o meu finado avô, Seo Salim, como o chamavam, comentava como imigrante que era, que nunca tinha visto país como este. Empresário em comércio, ele foi sapateiro e depois abriu uma lojinha de calçados no bairro Boa Vista, acabou deixando para os meus tios quando morreu em 59. Complementando o que meu avô dizia, que o país era rico em quase tudo. Tinha vigor em comércio, agropecuária, pastagens, algodão, café, nessa época ainda não éramos suficientes em soja e cana. A região de Franca era pujante em calçados, Araçatuba em gado, Sorocaba em têxtil e cimento, Campinas se destacava em várias modalidades de indústria automobilística de componentes, São Carlos, Rio Claro e Ribeirão com a indústria de bebidas e centros de excelência em educação universitária, o ABC engatinhava os seus passos na indústria automobilística. Mas de uma coisa ele não deixava de falar, sobre os políticos. Dizia que esse povinho faria a desgraça do país. Não queria dizer o povo sofrido, esquecido sem escola, mas os políticos, a classe que instaurava a corrupção, as mordomias, os golpes, as fraudes, enfim as mazelas que temos institucionalizadas nos dias de hoje. E olhem bem, não havia PT, PSDB, PMDB, PP, PR, PSB, PPS, e outras siglas mais, mas os de hoje são filhos desta safra dos anos 50/60, PTB, PSP, UDN , PSD e outros, que a ditadura colocou no lixo da história, enterrando-os em 68. E eu, moleque, não via hora de votar. Mas quis a ditadura que somente no ano de 72 pudéssemos votar. E ainda tinham nomes remanescentes daquela época, Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek, Tito Costa, Franco Montoro, Carvalho Pinto, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Abreu Sodré, Miguel Arraes, Chagas Freitas, Negrão de Lima, que se juntavam com os "novos" pós 64 como Paulo Salim Maluf, Orestes Quércia, Laudo Natel, Paulo Egydio Martins, Antonio Delfim Neto, Nelson Carneiro, Ney Braga, Marco Maciel, Amaral Neto, José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Alberto Goldman, Jorge Bornhausen, Severo Gomes, Bernardo Cabral, Miguel Colassuano, Celso Pitta e outros mais. 
Robertão Cardoso Alves, o tal deputado que disse, " – Que era dando que se recebia". Foi o patrono do loteamento partidário que começava e o declínio moral da nossa política seguia o seu réquiem. Fruto de uma época de opressão dos militares, onde as liberdades individuais e de toda uma sociedade foram tolhidas, surge o movimento das Diretas Já, que levou a população às ruas. Surgiram também algumas figuras da época da anistia pós 79, José Serra, José Dirceu, Aloísio Nunes, vindos do movimento estudantil de 68 e os outros saídos dos movimentos sindicalistas e sociais, Luís Inácio, Luís Antonio Medeiros, Jair Meneguelli, Luiza Erundina, os perseguidos e cassados pela ditadura como José Genuíno, Fernando Gabeira, Gastone Righi, Cunha Bueno, Mário Covas e outros. Mesmo assim com a elite apoiando os militares, foram forjadas novas gerações contrárias à aquela situação de uma política de manipulação, mas acreditando nas ruas, nas mudanças prometidas.
A cada ano que se votava, se acreditava na melhora das condições para as conquistas da e para a população. Passava ano, vinha promessa e nada, tivemos políticos caras de pau, desviando verbas, roubando o erário e o povo vinha acreditando nas promessas vazias, dança das cadeiras na vergonhosa troca de partidos, pura fisiologia imunda e sem o respeito pelo voto anteriormente dado, horário político escatológico. Vinha eleições e mais eleições, o tempo ia passando, e as promessas se tornavam menores do que os roubos e desvios dos políticos, algo crônico na nossa República. Veio a última tentativa de mudanças, a implantação da justiça social e de uma tal lisura em administrações em 2002. É claro que tivemos conquistas sociais, a classe C e D ganharam maior poder de compra, condições de uma vida digna e subirem de categoria, deixando a classe pobre para outro patamar, mas a que custo? Desses escândalos, desses desvios, desses ralos chamados Mensalões, Anões, Petrolões e outros "ões". De verbas de merendas, uniformes escolares, livros, tomadas, cartões de créditos corporativos, dinheiro em cuecas, calcinhas, carros, aviões, noitadas em hotéis na Europa, parentada com emprego de altos salários e sem presença no trabalho, mortes sem explicações de parceiros políticos, condenados que cumprem parte mínima da pena, Caixa Dois, multas cobertas por vaquinhas eletrônicas cujo dinheiro seria de origem duvidosa, escusa e suja de sangue. 
Passei por tudo isso, votei neste período todo, nunca faltei a uma eleição, até trabalhei como mesário em três pleitos. Votei, e votaria mais vezes, mas se houvesse uma justificativa plena de democracia, aquela democracia que aprendi nas escolas com tratados de filósofos puros. O que vemos hoje não é democracia, me desculpem. Falar em cumprir o dever cívico de votar, me desculpe, é balela. É falácia. O que vi nessa eleição me enojou. O que vi nas ruas me enojou. O que vi no horário político me enojou. O que vi nas redes sociais me enojou. Ver pessoas conhecidas dizerem que estão orgulhosas de ver pessoas mais idosas, além dos 70 anos votarem, não me sensibilizou, pelo contrário, pergunto porque levar seu pai, sua mãe, seu sogro, sua tia para enfrentarem uma fila, a demora dos mesários e de eleitores apertarem as teclas de votação? Será que uma postura nobre, cívica de um idoso desse tem o mesmo peso de um idiota ignorante que também vota? Desculpem-me, não vale não!!! 
Por isso, chego ao final de meu texto afirmando – Graças a Deus, estou caminhando para os 70 anos, nas próximas eleições estarei me programando para viajar e justificar os meus votos, aguardando pacientemente a chegada dos 70, aí sim, exercerei o meu direito de fazer com que o meu voto seja facultativo, voluntário, e não mais obrigatório. NÃO VOTAREI MAIS, meu amigos. E não me envergonharei disso, pelo contrário farei disso a minha bandeira e roubarei a frase imbecil do Tiririca: "Pior que está não fica", fica sim!

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