segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Passados 25 anos, viajei na eclair e não na maionese.

Hoje fiz uma viagem incrível no tempo.
Nunca gostei de ser nostálgico. Detestava essa palavra, NOSTALGIA. Sempre disse aos meus interlocutores que nostalgia era coisa de babaca. Voltar no tempo era sofrer duas vezes, etc...
Mas depois que comecei a publicar o meu blog, as memórias fazem parte do meu viver, do bem estar com a vida. Gosto de falar de tempos passados, mas como homenagem ao tempo. Utilizo como legado, às vezes como currículo. Muita gente liga lembranças a coisas que marcaram de forma trágica, triste ou até momentos alegres, mas que de repente se acaba, interrompe, em seguida a tristeza chega e toma conta. Ultimamente venho postando fotos antigas dos meus pais, tempos em que nem era nascido. Mas faz parte da nossa primeira lembrança, do inconsciente coletivo já que vimos em algum lugar estas imagens. Quer nas história que ouvimos no pé do berço, nas rodas familiares, em álbuns, nas gavetas dos armários lá de casa, enfim, espalhados em lugares variados da casa de nossos pais, tios, parentes, amigos, já que era hábito trocarem fotos com dedicatória aos padrinhos, parentes próximos e outros mais. Mas como disse no começo desta crônica, viajei no tempo. Morei há 25 anos atrás na Vila Clementino, um bairro encrustado nas regiões da Vila Mariana, Planalto Paulista e Ibirapuera. Foi lá que nasceu a minha primeira filha, Nadine. Fomos morar em 1985, num prédio de 13 andares, em sua maioria com casais recém casados e alguns solteirões, médicos, pois o Hospital S. Paulo ficava à três quadras a pé da nossa rua Dr. Diogo de Faria. Os casais novos que ficaram nossos amigos. Sandra e Kalú, Carlos e Laura de Paula, Patrícia e Luiz, e os solteiros, a dentista Celina, a médica Maria Aurora e o médico Ademir. Tinha um casal de coroas Hilário e Solange, a mãe de todos. Formávamos uma grande família. Churrasco e piscina tomavam conta de todos os finais de semana. Vi nascerem as crianças, Isabela, Nicole, Vitória, Luiz Jr. e duas japonesinhas que não me recordo os nomes, apesar de morarem no mesmo andar que o nosso, além da minha querida Nadine. O local era muito gostoso, um prédio pequeno, com salão de festas bem amplo, piscina ampla e play-ground razoavelmente pequeno. 
A distância para avenida 23 de Maio era de uma quadra e meia, dando o acesso pela lateral da rua Prof. Ascendino Reis e de lá seguimos para saídas da avenida Sena Madureira, dobrando a direita. Seguindo reto saímos para o Detran e lá seguia-se para o centro ou avenida Brasil rumo ao oeste. Próximo do shopping Ibirapuera, aeroporto, zona sul era só dobrar a esquerda. De nossa varanda via-se a AACD e os hospitais do Servidor do Estado de S. Paulo e do Bradesco-Edmundo Vasconcellos. Podíamos ir à pé para o parque Ibirapuera, e ingressávamos pelos portões onde tinha um canil da Polícia Militar. E lá passeava com a minha cachorrinha West White Highland Terrier, a inesquecível Bubú. 
Fiel devoto de S. Francisco, ia aos domingos à missa na igreja do mesmo nome na quadra em frente ao meu apartamento. Minha filha Nadine, nasceu e cresceu nesse bairro. Voto até hoje no Liceu Pasteur, não troquei de endereço, pois adoro ir até lá de dois em dois anos para votar nas eleições do meu país. Trago excelentes lembranças dessa época. E uma delas, justamente é que me fez emocionar nesta viagem ao tempo. Fui fazer uns exames de ressonância magnética e Raio X no laboratório CDB na rua Marselhesa, próximo da Diogo de Faria. 
Nesta esquina há uma doceria de nome, Duomo. Tem uma famosa bombona (eclair) mista, chocolate e creme, que é insuperável. Lá passei por 25 anos seguidos aos domingos, além dessa fantástica bombona, tinham os quitutes de uma rotisserie impecável. Que saudades! Pois bem, parei lá, após retirar os meus (?) exames. E aí, além da saudade, me deparei com uma balconista que à época, comentava com os amigos, que era um pitelzinho. 
Bonitinha e simpática, por sinal. E hoje, passados os 25 anos, as marcas do peso dos anos não foram o suficiente para desfigurá-la. Me lembrei imediatamente daquela época, daqueles domingos gastronômicos e os olhares furtivos naquela "mocinha" engraçadinha. Que coisa! O tempo às vezes é generoso. Fiquei quieto, pensando no tempo que passou. Eu mudei muito. Me divorciei da mãe das minhas filhas que lá moravam. Mudei de emprego três vezes, mudei de amigos, não os vejo desde 1997, quando de lá mudei-me. Um ou outro me telefona, às vezes os encontro nas redes sociais, mas aquele tempo já foi. E esta senhora, hoje, ficou todo este tempo por lá. Atendendo com graça aos distintos fregueses, ops, clientes da tradicional doceria Duomo. Seria uma catedral dos doces e guloseimas? Ou seria o local onde as mulheres, que não as freiras, envelhecem, mas não perdem a essência feminina. Não seria "dom" ao invés de duomo? Viajei...

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