terça-feira, 15 de abril de 2014

Fui declarado oficialmente um idoso.

Idoso, porque sim!

Quem tem vergonha do nome? Levanta a mão. Alguns poucos.
Quem tem vergonha da raça? Levanta a mão. Quase nenhum.
Quem tem vergonha da idade? Levanta a mão. Quase todos.
1999. Nessa época havia saído da Abras e fui tentar um projeto de marketing esportivo. Era a Âmbar Sports, nela estava o meu amigo e sócio Dado Leme e Ruy Brizolla Júnior, filho do todo poderoso Ruy Brizolla da Traffic e Band Sports.
As coisas começaram de vento em popa. Ganhamos em poucos meses, o que eu ganhava em anos na Abras. E em dólares. Viagens nem se fala e em classe executiva. Almoçávamos todos os dias no Empório Ravioli no Itaim. Carros importados, computadores Mac da Apple, valet no estacionamento, charutos cubanos, e de repente do nada, após uns 14 meses de atividades, começamos a ver nossos negócios a afundarem com um Titanic tupiniquim num brejo seco da Vila Olímpia.
Quebramos. Vendi carros, linhas telefônicas, chácara em Jarinú, SP. Os amigos desapareceram como fumaça, dívidas nas escolas das crianças, taxas do condomínio se acumulando, parcelas semestrais do apartamento de 220 m2 na nata do bairro de Moema, não foram quitadas. Dívidas se avolumando. Pimba, quebrei mais uma vez.
Nesta época
 ainda vivia com a minha segunda ex-esposa, Sílvia, que após trancar matrícula na faculdade de Fisioterapia em Guarulhos para ter a caçula Micaela em 1997, voltou a estudar para finalizar o curso.
Com 48 anos de idade, cabelos que teimavam em ficar grisalhos, barba mesclando fios negros e brancos. Volto para casa e começo a rever meu futuro. Planejar uma recolocação no mercado? Fazer o que sempre fiz? Marketing, mas não mais o esportivo, mas sim no turismo e/ou de eventos na área de alimentação, ou voltar para o mundo editorial dos tempos da SuperHiper?
Após um período de várias incertezas e alguns bicos, encaixo na Gapnet, estória que já contei. Mas escrevi tudo isso para dizer sobre um ponto que me marcou muito. Com quase 50 anos de idade é tarde para recomeçar? É claro que não. Tanto que estou completando 63 e fiquei 13 na Gapnet com o fogo de um jovem iniciante.
Mas o que pegou mesmo foi quando um dia, eu fui buscar a minha ex-esposa na faculdade, lembram dessa narrativa?

E fiquei a espera dela na saída dos alunos. Ela veio com uma colega de classe e pediu uma carona onde ela desceria num certo ponto do caminho da nossa volta. Seguimos e nas conversas entre nós, ela me chamou de "senhor" uma dezena de vezes. Ora, eu marido de uma colega de classe que ela chamava de você, e eu era justamente senhor. Me senti um velho, um verdadeiro idoso pela primeira vez, inapelavelmente.
Hoje por coincidência, quando declarei oficialmente que estou lançando um instituto, a ONG Vital voltada aos idosos, fui na sub-prefeitura da Lapa e tirei o meu documento oficial de idoso. O senhor Jorge Luiz Salim, é declarado um velho, sim senhor. Quem tem medo de ficar velho, levanta mão!

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