quarta-feira, 12 de março de 2014

Deficiente? Deficientes somos nós!

PRESENÇA DE ESPÍRITO - 
Tenho uma particularidade às segundas-feiras. É dia do meu rodízio. Venho há tempos usando o transporte público. Ora de Metrô, quando minha esposa me deixa na Barra Funda, ora de CPTM, pego o trem na estação Lapa, uns 800 metros de casa, assim caminho bastante (faz bem a saúde, dizem), ora de busão. O terminal da Lapa na zona oeste está bem servido de ônibus. 
Pois então, hoje segundona, pego o ônibus no Terminal da Lapa. Linha 8.000 - ponto final na rua Xavier de Toledo, perto da empresa, e no penúltimo ponto desço tranquilo já com o ônibus quase vazio. São de 20 a 30 minutos de puro contato com o público sofrido desta Sampa que não para. Idosos, jovens, senhoras, rapazes, a nata da classe C e D. 
Mas o que eu quero relatar aqui, são os exemplos de vida que vejo nessas viagens. Talvez um dia eu escreva as minhas memórias, e nessa narração, guardarei um capítulo especial sobre essas viagens curtas que faço de casa pro trabalho e vice-versa. Quem sabe o Haddad me patrocine (risos).
Mas vamos ao relato de hoje. Entro no ônibus e me sento. Dá-se um tempo e entra um cidadão cego, ajudado pelas pessoas a ingressar ao veículo. Senta-se atrás do motorista em assento destinando aos preferenciais. 
Começa a viagem. Anda e para, anda e para, segue. Fico ouvindo a conversa do cego e o motorista. Percebo que a conversa é longa. E o cego se mostra mais informado do que o próprio motorista. 
O assunto é sobre o limite de velocidade nas ruas de S. Paulo. Algumas 70 km, outras, em sua maioria 60 km e aí entra a novidade que nem o motorista do ônibus sabia. O cego diz que já estão controlando algumas ruas no centro da capital, a 40 km por hora, e tudo isso ele diz ter sabido através das rádios e televisão.
E para finalizar, mais uma do cego e essa me surpreendeu, pois entendi como uma atitude puramente de presença de espírito. 
O ônibus passa pelo cruzamento da Rua Clélia, já no final, com a avenida Pompéia, próximo do shopping Bourbon e da nova arena do Palmeiras. O semáforo fecha e um rapaz do jornal Destak entrega alguns exemplares para o nosso motorista. 
Nesse instante o cego diz: - Motorista, me dê um exemplar do jornal, por favor! 
Todos dentro do ônibus ficaram surpresos. 
Isso é maravilhoso, por isso continuo a andar pelas ruas de S. Paulo. Aprendo a cada dia, me surpreendo a cada instante.
(Escrevi originalmente esse texto no dia 02/dez/2013 - REPRODUÇÃO).

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