sexta-feira, 24 de abril de 2020

O dia em que a Gapnet quase fechou.

O dia em que a Gapnet quase parou! 31 de maio de 2003. 

Um sábado a tarde, tipo 17 horas. Um grupo de amigos da Gapnet fretou um ônibus da Viação Itapemirim para levá-los até Niterói, no Rio de Janeiro. A razão era nobre. Um casamento entre um de nossos colegas que trabalhava na Gapnet (matriz) com uma moça moradora de Niterói. Lá iam os padrinhos, amigos e convidados. 
A cerimônia seria na noite do sábado, portanto a saída de ônibus seria pela manhãzinha do mesmo dia. 

6 horas da manhã, todos no ponto de encontro, muitos tomando um cafezinho com pão na chapa, uma última tragada no cigarro e lá fomos. Antes porém, fizemos uma volta pela Penha, pois o tal motorista queria levar a sua princesa, palavras dele, mas não sem antes, com a aprovação de todos os passageiros. Afinal quem era a tal princesa? Nada mais, nada menos do que a sua esposa amada. 
Começava aí a nossa triste sina. Já no começo da viagem na via Dutra, fomos parados pela Guarda Rodoviária, pois segundo o policial os dois ônibus, o nosso e um outro fretado, estavam "disputando" um racha particular, passando ou ultrapassando o outro, fazendo com que a viagem não fosse tão monótona para os condutores. 

Acalmados os nervos, seguimos viagem. Os 39 passageiros, em sua maioria funcionários da GAP, dentre eles, Paulo Bispo (comercial), Wilson, Odemir e Ronaldo (todos do administrativo-financeiro), e uma dezena de outros colaboradores que atuavam na expedição, OP's, TI, atendimento e eu. Além destes, estavam lá o Eduardo, o português que comercializa anéis, relógios que o trade, todo mundo conhecia a figura, junto com a sua esposa, participariam como padrinhos do noivo. José Ribeiro, esposa e filho, amigos e padrinhos. Uma cliente, agente de viagens, Cris e marido, Dino. 

Enfim uma turminha alegre que rumava para o Rio de Janeiro e de lá para Niterói. Após a parada para o almoço no restaurante Clube dos 500, antes da Serra das Araras. Seguimos para o destino. Mas o outro destino quis que no retão, onde meses antes o Claudinho, da dupla Claudinho e Bochecha, havia se acidentado e morrido, que tivéssemos também a nossa tragédia. Nosso motorista distraído com a conversa com sua princesa, lembram-se? 

Não estava atento, e naquela disputa com o outro ônibus, aquele que foi a causa da primeira advertência do guarda rodoviário, continuavam a disputa particular e insana, não percebeu o descuido do nosso motorista numa diminuída de velocidade, e este atrapalhado por um fusquinha muito lento, atingiu a nossa traseira jogando o ônibus no guard-rail da ponte e este acabou caindo ribanceira abaixo. Foi uma sensação terrível. Ninguém acreditava, aquele ônibus caindo e virando do contrário, gente gritando, enfim um verdadeiro inferno. Resultado, ninguém morreu. 

Ótimo, a maioria ficou com o tremendo susto. Uns 15 ficaram levemente feridos, outros 10 nada tiveram. Mas eu, fraturei o úmero (braço-ombro) esquerdo. José Ribeiro e esposa, rosto e omoplata, respectivamente. O Dino rascou as costas de leste a oeste, 55 pontos. Foram os mais prejudicados. 
Então, agora vocês estão perguntando se teve casamento? Sim. Apenas eu quem não participou. Ficou faltando um padrinho. Mas a maioria foi e se divertiu bastante.

Retornei no dia seguinte, viajei de VASP. E fiquei mais de cinco anos e três cirurgias para recuperar os movimentos do meu braço esquerdo. E o que restou? Uma bela cicatriz, dezenas de radiografias, três grandes cirurgias, sessões de fisioterapia, alguns parafusos e haste definitiva no úmero, uma indenização e um sentimento de que Deus nos deu uma nova oportunidade para ser melhor com as pessoas.

Algumas situações curiosas observei neste acidente. Um na ocasião de minha batalha judicial contra a Itapemirim. Lembro que fui ríspido e sarcástico com o advogado da Itapemirim na frente do juiz.  Foi quando ele disse: Esse senhor está querendo ficar rico com o valor pedido. E eu disse: – Quer ficar com esse dinheiro e me dar o seu braço sadio? O juiz na hora pediu reservadamente que ele se calasse. Acabei recebendo a indenização. Mas realmente trocaria tudo para não ter o braço prejudicado e passar pelo que passei nos anos seguintes. Finalmente outro fato curioso que participei, foi que na mesma noite quando estava saindo da clínica, onde fizeram a minha imobilização para que eu pudesse descansar e voltar para S. Paulo, ouvi no telefone celular do noivo. – Você quer fechar a Gapnet? Foi o que um dos sócios disse no pé do ouvido.

Uma outra coisa que este acidente me proporcionou. Minha habilitação permite que eu adquira veículos automáticos com isenção de impostos federais e estaduais, também isenção de IPVA, permissão em vagas de deficientes nos shoppings e logradouros públicos, circular na cidade em dias de rodízio. Legal não? Quer trocar de braço comigo?

3 comentários:

  1. Salim, sucesso com seu blog, sou seu fã rapaz.

    Não sabia desta história, eu que trabalhei nesta empresa contigo praticamente dois anos e meio.

    Bom saber que não houve vítimas fatais e que você está recuperado.

    Boa sorte, muito sucesso.

    Abraço, se cuida

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  2. Obrigado, Edu. Somos parceiros. Valeu.
    Abraços

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  3. Desculpe-me Carlos, não sei porque escrevi Edu. Mil desculpas.

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