terça-feira, 8 de agosto de 2023

Tiozinho digital. A dura realidade virtual.


Já passam alguns anos que parei de trabalhar. Deixei a rotina do trabalho em 2014. Ainda fiquei meio ativo até antes da pandemia. Aí, fiquei à deriva do mundo corporativo e por consequência dos trabalhos profissionais usando equipamentos digitais e eletrônicos como notebooks, computadores e outros dispositivos da tecnologia da informação.


Atualmente o que manipulo mesmo é um smart phone, IPhone, versão antiga. Escrevo tudo no bloco de notas, como este texto. Tenho um notebook basicão para alguns trabalhos que faço para o Centro Espírita do qual frequento e trabalho na área de divulgação. Edito um boletim informativo trimestral e participo de um grupo de estudos com aulas através de teleconferência. O uso do notebook é o canal adequado. Ferramentas disponíveis como Zoom, Meet e Teams me auxiliam nas aulas de vídeo e o pacote Office para texto dar cabo às demais atividades de preparação do material para o boletim.


Fui no passado um exímio operador de programas de editoração e tratamento de imagens, editei uma revista mensal de associação de classe, enorme com mais de 200 páginas, convivia com um corpo editorial com dezenas de pessoas por décadas nos anos 90. Fui diretor de marketing de uma grande empresa no ramo do turismo brasileiro por 10 anos no florecer do mundo tecnológico. Assisti e participei da evolução do telefone celular e equipamentos de tecnologia. Dos tijolos até o slim, do áudio apenas ao videofone e games de consoles sem fio. Smartphones sofisticados e alta tecnologia. Mas quando você se afasta da rotina de trabalho e convivência diária com grupos de pessoas, na concorrência entre profissionais. Acaba deixando de participar de eventos e treinamentos com outras áreas, cursos e atualizações. O que acontece? Defasagem! 

Já li em algum lugar a afirmação de algum especialista, que ao ficar afastado por meses perde o conhecimento, pela rapidez das mudanças e inovações deste mundo tecnológico. Paga-se caro por essa defasagem. 


Então essa situação teve um episódio engraçado para não se dizer, trágico. Aconteceu comigo nesta semana. Não me sinto envergonhado em narrar esses acontecimentos. Dizem que ninguém se esquece de andar de bicicleta depois que aprendeu. Nadar, atirar, enfim uma série de coisas que aprendemos na vida. Mas uma coisa é clara. Nossos reflexos ficam afetados e ficamos lentos na hora de fazer essas atividades. Mas o saber não perdemos. Acontece que no caso da tecnologia quem não se atualiza, acaba ficando sem o conhecimento e expertise de novas técnicas e avanços tecnológicos. Diariamente temos evoluções surpreendentes. São tantas que ninguém consegue ter um aprendizado total de 100%. Haja tutoriais.


Cometi a insanidade de comprar um relógio de conectividade digital com outros dispositivos como celular e o notebook. Através da paridade por meio do bluetooth. Optei pelo caminho mais fácil e barato. Nada de grandes aquisições e caras por sinal. Aproveitando as ofertas Ching ling da internet, adquiri um smartwatch chinês por uns poucos dólares ($10). Além da demora, quando chegou, estranhamente tinha uma nota fiscal colada no plástico bolha e um pequeno manual em mandarim e inglês. A garantia deve ter ficado no e-commerce, acho que 90 dias. Depois, só com o lig-lig.


Feliz, abro a embalagem e tenho mais outra surpresa. O aparelho veio todo desmontado. 

Procuro um japinha nas galerias que troca baterias de relógios e peço ajuda na montagem. Para ele, dois minutinhos. Enfim montado. Agora é preciso carregá-lo. A carga por 5 horas me dá uma autonomia de 10 dias. Mais tarde, partimos para as configurações. Sem manual, sigo pelo texto em inglês. É necessário baixar um app. Vamos lá. Tudo feito. Segue-se as configurações. Buscando acesso bluetooth. De repente, um barulhinho e uma pequena vibração. Ligado e conectado. Pronto, vamos ao passeio virtual. Tem tudo. Clima, cronômetro, pressão arterial, alguns medidores de corrida, caminhada, natação, esportes, enfim. Vejo um item que me deixou curioso. “Música”. Mexi em tudo. Fiquei ciente de tudo. E me dando por satisfeito. Coloco o relógio no meu pulso. Pronto.


Estava sentado no sofá da sala. Junto da patroa assistimos a TV. De repente o novo produto que adquiri se manifesta. Aparece no visor uma poltrona seguido de um som de sininho. O que significa? Ah, entendi. O app é para ser usado em atividades esportivas. Mexer o corpo. Palavra de ordem. Significado da poltrona quer dizer, mexa-se, movimenta-se. Tire a bunda do sofá. 

De fato entendi a mensagem. Sai, fui até a drogaria perto de casa comprar remédios, hábito atual desse idoso que vos escreve.

Ato contínuo, depois da farmácia, passo no supermercado. Estava passando pelo caixa. Eis que o relógio vibra. O aplicativo envia algumas notificações. Leio rapidamente e tento finalizar a leitura e aperto o relógio. E seguimos com a compra. Embalo os itens e sigo pra casa. 

Quase chegando em casa, vinha ouvindo uma música, estilo rock, me seguindo. Fico irritado. Quem será que está atrás de mim, ouvindo música no celular sem os fones de ouvido. Que sujeito irritante. 

Seguindo para o prédio. Paro na portaria. E o porteiro diz: - Ouvindo música Sr. Salim?

Eu? Pois sim, era o tiozinho aqui que não desligou o relógio. Ao fechar as notificações, apertei “música”, provavelmente. Resultado: devo ter irritado outras pessoas no trajeto. E justamente pensando ao contrário. 

Eta, tiozinho, aprenda de novo. Se atualize, mas antes, saiba conferir se tudo está certo, viu?

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