segunda-feira, 22 de novembro de 2021

A hegemonia da ficção.

Fui buscar na minha memória o enredo do primeiro filme d’ O planeta dos macacos (1968). Aquele estrelado pelo ator Charlton Heston, que protagonizou vários filmes épicos como: Ben Hur, foi Moisés em os 10 mandamentos, viveu um arquiteto na película norte-americana, Terremoto (1974), o guerreiro El Cid, e outras dezenas de personagens.


Mas o que me recordo no roteiro do filme O Planeta dos Macacos, o astronauta Taylor (Heston), que volta para Terra depois de anos no espaço, encontra tudo alterado, com o comando do planeta feito por vários tipos de raças de macacos e acaba se tornando prisioneiro dos símios. Após terem um insucesso inesperado na missão da nave, que era para provar que a vivência no espaço era mais lenta do que na Terra, ficaram hibernados por 18 meses e retornaram. Acontece que por erros de cronologia nos equipamentos da nave, o intervalo de tempo passado equivaleu a dois mil anos, originalmente no livro foram 700 mil anos.


A história é surpreendente. Como o tempo tenha passado tanto e retornou às origens dos seres vivos, segundo a Teoria de Darwin? Como os macacos foram capazes de criar uma sociedade organizada? Como os homens se tornaram escravos? Que teoria maluca os roteiristas foram escrever?

Trata-se de um dos vários trabalhos de Pierre Boulle (autor do livro que deu origem ao enredo do filme) em que fica evidente a presença de ficção científica e o enredo gira em torno do colapso da raça humana pela tecnologia excessiva, apesar de Boulle rejeitar ser rotulado como autor do gênero, preferindo o termo "fantasia social".


Se partimos desse raciocínio no caminho da degradação da humanidade, podemos admitir essa lógica. É claro que, antes de mais nada, não possa concordar, pois sou uma pessoa espírita, cuja formação segue a Doutrina Evolucionista Espiritual de Allan Kardec, e creio que não podemos misturar os reinos, animal com o hominal, invertendo a ordem natural das coisas, ou seja, as Leis de Deus. Muito embora tenha o conhecimento da Lei da Destruição, estabelecida no primeiro livro de Kardec, o Livro dos Espíritos, onde podemos entender perfeitamente que o homem seja capaz de destruir tudo. Aliás, não estamos longe de estar caminhando para tal intento. 


Se partimos deste ponto, trilhar o caminho para o colapso da sociedade, em razão dessa escolha, os homens poderão ter mudanças causadas pelas decisões equivocadas. Não é preciso optar por escolhas malfeitas em tecnologia, basta seguirem para as mudanças de comportamento social, por exemplo. Vejo muitos caminhos para essas alterações de cunho social. Ideologia de gênero, ideologia política, intolerância racial, religiosa e de classe social. O radicalismo, o extremismo, o maniqueísmo, o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a teimosia, o exagero, tudo isso compõe um grande fermento para um caldo grosso que não vai acabar bem. 

Vai ficar tão complicado que todos perderão com o resultado final. E nessa hora é importante ter um comportamento equilibrado que podemos chamar de império do bom senso. 


Mas admitamos que, se seguir o curso das coisas como estão, o final não será agradável. Volto ao tal roteiro do filme, Planeta dos Macacos, seriam os homens capazes de atingir esse nível de destruição e se tornarem seres escravos dos símios? Ou pensar em mudanças do próprio ser humano. Por exemplo, virar uma sociedade matriarcal? Ou inverter as relações raciais, transformando os negros como raça hegemônica, fazendo a raça branca como escrava e marginalizada? Não seria a melhor solução ter as inversões de valores morais, sociais, hierárquica da nossa sociedade. Não podemos imaginar que uma civilização repita os erros como vimos ao longo de nossa História.


Impérios dominam, mas sucumbem ao longo dos tempos. Hegemonias duram, mas não se perpetuam no tempo. O que se eterniza são as Leis Divinas. O que vence ao longo dos tempos, é o Amor que Cristo nos mostrou há mais de 2 mil anos. O exemplo do filme não é didático sob nenhum olhar de civilidade. Ficção é o campo que os roteiristas viajam livres com suas imaginações, fingem ser deuses, denunciando as próprias frustrações ou inveja em relação ao nosso maior Criador. 


Se houver qualquer intenção de mostrar conteúdo ficcional de cunho educativo aos leitores dos livros ou expectadores no caso dos filmes, deveriam usar a linguagem universal da simplicidade, da generosidade, da gratidão, e não explicitar a violência exagerada, choques raciais, crueldade com os animais, massacres com as minorias, enfim mostrar imagens de disputas sangrentas, sob o domínio da moderna tecnologia mais avançada, sob todos os ângulos, a morte em câmara lenta, buscando o ápice da barbárie e obter recordes de bilheterias, mostrando a dor e o sofrimento como pano de fundo.


E eu me lembro também de outro filme, Jesus Cristo, dirigido por Mel Gibson. Esse narrando a vida e paixão de Cristo. Um profundo testemunho do sofrimento de Jesus. Esse filme não foi baseado em ficção e a crítica caiu de pau. A narrativa do filme foi de mostrar a violência levada ao extremo, suficiente para toda a igreja católica, através do Vaticano, tentasse a desqualificar a película. A violência apresentada de forma realista não pode, mas travestida de ficção, pode? Ah, me esqueci de colocar a hipocrisia no rol das mazelas humanas. Isto sim que é defeito.


Divulgação

Já que estamos no terreno das lembranças, finalizo citando uma frase icônica dos programas de TV dos anos 70. Era um programa humorístico da rede Globo que tinha o Jô Soares comandando um elenco de comediantes no programa de nome ‘O planeta dos homens’. Sempre ao final aparecia um macaco de nome sugestivo, Sócrates, interpretado por Orival Pessini, (Fofão, Patropi), o mago das máscaras, dizendo: - Não precisa explicar; eu só queria entender!"

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