24 de junho, não haverá festa de SãoJoão neste ano de 2020. Ao invés de gritarmos na música da dança de quadrilha, “Óia a cobra, é mentira...”, vamos gritar, “Óia o Covid-19, é verdade”.
“Com a filha de João, Antônio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva...”
Quantos Pedros fogem com as noivas, quantas filhas de Joãos prometem se casar, quantos Antônios ficam sem ninguém para casar, quantos deixaram de casar e/ou fugiram, mas não com os Pedros, mas dessa pandemia, dessa loucura de contágio horizontal.
Mas também desse isolamento que aumentou a violência contra as mulheres, as filhas de Joãos, as noivas que se casaram com Antônios e como mulheres engrossaram a lista das marias da Penha, as que fugiram com os Pedros, e mesmo não casadas, continuaram a apanhar.
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Resta-nos pedir aos santos, aos policiais, as autoridades, aos governantes, que tomem as atitudes necessárias: Respeito e proteção. Ah, que bom seria que todas as filhas, noivas e esposas de Joãos, Antônios e Pedros e outros seres humanos anônimos, pudessem ser as mulheres respeitadas e amadas dessa sociedade machista, elitista e chovinista.
Ao invés de cantarmos, que João consola Antônio que caiu na bebedeira, pudéssemos ouvir que todos consolam e amparam as mulheres que foram agredidas, xingadas e marginalizadas, e que haveremos de inverter essa situação da nossa sociedade doentia, não só de pandemia por vírus, mas doente, sem sentimentos de amor ao próximo e generosidade para com os marginalizados.
Entendo que isso é difícil, mas eu sou um inveterado otimista e um utópico contumaz, acredito na poesia desta música junina:
“O céu é tão lindo e a noite é tão boa.
São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração”.
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