sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Vale a pena expor sua privacidade nas redes sociais?


Emoções de crocodilo.

Não sei bem se existe esta expressão e se existe não tenho certeza se significa o que pretendo abordar neste post.
Sabemos muito bem o que significa 'lágrimas de crocodilo', tão verdadeiras quanto uma nota de três dólares, mas o que pretendo dizer com 'emoções de crocodilo'?
Saibam que há muito tempo venho pensando, observando e por vezes conversando com amigos e familiares sobre as rede sociais e suas consequências na vida cotidiana das pessoas.
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O imediatismo das postagens está fazendo com que as pessoas percam as emoções duradouras, isto é, postagens principalmente com fotos de viagens, eventos esportivos, sociais e artísticos, acabam fazendo efeito por horas e depois caem num vazio sepulcral. 
E as pessoas entram nessa espiral efêmera e dar pouco valor paras as coisas mais importantes e duradouras, como uma boa conversa, ou assuntos de relevância familiar, social e corporativa. 

Notem bem que depois do advento das redes sociais, o lado íntimo das pessoas deu lugar ao formalismo das mensagens de autoajuda automático, aos memes que potencializam o bullying, às fofocas gerais quer de pessoas de todas as faixas de idade e classe social, quer dos que encontram nesse canal o meio mais eficaz de demonstrar o machismo e a ignorância desmedida do desrespeito alheio. 

Os vazamentos da invasão de privacidade dão a real dimensão do que falo. 
Comparando notamos a diferença dessas ações com as tatoos, onde uma fica quase que permanente causando embaraços e a outra, arrasa geral, jogando, por exemplo, a idoneidade na lata do lixo. 


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Estragos com as 'fake news' então, nem se fala.

O ser humano tem uma queda natural ao comodismo e comete atos sem pensar. Agir sem pensar me faz lembrar da história da 'peneira de Sócrates', que aqui mostro em breve relato. Sendo abordado por uma conhecido que queria lhe contar um fato, e antes que o fizesse, Sócrates perguntou: Passastes pelas três peneiras? 
O conhecido respondeu: – Quais peneiras? Sócrates perguntou então, se ele havia filtrado primeiramente se o assunto era 'verdadeiro'. 
Em segundo lugar, se era 'bom' e por fim, a terceira, se era útil para ambos. Somos alvos diários de informações aos montes, em profusão gigante. É preciso peneirarmos tudo isso.

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.

Devemos filtrar tudo para não incorrermos em provocar algum dano a alguém, à sociedade e a todos no geral. Não deixem no automático. E agora? Quais são as vantagens desse imediatismo? Estou chamando de emoções de crocodilo. Será que vamos inverter as coisas? Será que devemos nos reservar? Que tal uma privacidade restrita aos grupos.

Que tal expormos menos? Dalai Lama alerta: Ao falar você apenas repete o que mais sabe, mas ao ouvir, talvez aprenda algo que não saiba.
Será que o bom senso vai vingar? Tenho observado que as postagens são puras manifestações do ego das pessoas. Exagero e dependência, são as formas exibir do ser humano de hoje. Fruto de uma sociedade que não priorizou a educação, o equilíbrio e o bom senso.

É uma enxurrada de fotos de viagens, onde o sujeito hoje está num lugar e mais tarde noutro. Lugares exóticos não tão fáceis de serem visitados pela maioria das pessoas. Passou a ser uma batalha de conquistas. Como não bastasse as postagens propriamente ditas, tem a tal #tbt que a é reprise daquela situação anterior, é o exagero do exagero. 
Puro devaneio egoístico. Comida em restaurantes caros e chiques, imagino como se fossem os pichadores que procuram se vangloriar em relação aos outros. "Eu sou mais!"

Armadilhas digitais não param de ser desenvolvidas.

Os gênios programadores das redes sociais vivem de buscar ferramentas para essas pessoas se notabilizarem em relação a outras. 
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E o amanhã? As postagens não necessariamente vão virar álbum de memória. E as emoções futuras? Provavelmente estarão na lata do lixo digital. 
Porque este mesmo ser humano que postou, atingido pela sensação de emoções baratas e breves, terá em si inoculado o mesmo veneno que usou para atingir aos outros.

Ah, não fiz em tão crítico às pessoas. Eu sou réu confesso, também já postei muita coisa que hoje renego. Só questiono a tal emoção, a de crocodilo. 
Podemos nos recuperar de equívocos passados. O duro é permanecer insensível e arrepender-se mais tarde. Talvez aí seja tarde demais. Arrependimento de egoísta com certeza são lágrimas de crocodilo.

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