quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Humanização no exercício da profissão.

Humanização é o fator principal da felicidade e respeito.

Venho ensaiando este artigo desde há muito tempo. Hoje senti firmeza, então segura que lá vem estória. Dizer que é artigo seria muita pretensão, vamos dizer, avaliação, tipo ensaio, porque condiz muito com a ideia estrutural. 
Sou um profissional que teve a felicidade de fazer ou passar por muitas áreas e atuar em várias frentes, bem precoce.
Por ter sido um aluno prodígio passei quase que imediatamente da formação para atuação, pulando as etapas de formação profissional convencional.

Desde adolescente atuava informalmente, exemplo onde aos 15 anos fazia parte da produção num grande jornal diário em S. J. do Rio Preto e com isso deixei de fazer os estágios necessários a um aprendiz e outras etapas como um recém formado deveria completar, a exemplo de médicos que fazem residências hospitalares, engenheiros e advogados, para citar algumas áreas profissionalizantes importantes.

Por ter sido esse jovem atuante na profissionalização com baixa idade e forte experiência, acabei queimando etapas e fui galgando degraus que ao fim me deram maior cabedal.
A visão do todo foi-me apresentada ampla e geral, dai a rápida ascensão. Trabalhei em agências de publicidade  desde 1971. Me tornei professor universitário aos 24 anos e isso foi fundamental, aprendi lecionando, confirmei meus conhecimentos e aperfeiçoava repassando aos alunos. Foi um período muito rico.

A convivência com os mais experientes me tornou rapidamente um especialista, já na idade pródiga. Por lecionar somente com a minha rápida graduação, fui obrigado a fazer pós na mesma universidade que lecionava. Ficava o dia inteiro no campus.
A consequência foi inevitável, me tornei bem cedo um jovem-adulto a estudar conceitos que me foram apresentados, porém sem a experiência necessária para compreender e absorver os ensinamentos teóricos e técnicos. Em consequência, senti a falta da formação dos conceitos humanitários. Coisa que se faz em cursos de PHD quando o profissional já está maduro para entender e usufruir de tais formações filosóficas e porque não, sociológicas.

Isso não significa que não me enriqueci ao ler Marx, Freud, Jung, Lacan, Habermas, Benjamin, Adorno, Kant, Gramsci, Foucault, Nietzsche, Krishnamurti, Huxley, Assimov, Weber, Hesse, Sartre, Eco, Orwell, Hegel, Comte, Roland Barthes, Marshall McLuhan e por aí vai. Mas ficou faltando uma coisa. Compreensão no exercício da prática, não soube entender a tal dialética e a práxis. Priorizei a atuação da parte de tecnicidade profissional e alta performance funcional. Não me arrependo. Foram ótimos anos. Mas pura materialidade e porque não, personalismo. No entanto, foi fruto de um conceito que Kardec e a Doutrina Espírita nos falam muito, o livre-arbítrio. Isso sim, considero o grande equívoco de minha parte. Hoje em dia ao fazer uma profunda reflexão e fazendo uma viagem ao tempo, dentro de minha reforma íntima, sinto que foi o 'estalo' que me faltou, como a história do padre Vieira, faltou a luz. 

E é por isso justamente que elaboro este 'ensaio'. O que entendo que é importante nos dias de hoje. A humanização no sentido que a Doutrina Espírita preconiza. 
Ter uma formação acadêmica, mas com a forte influência humanizadora. Do querer bem o próximo. E tive oportunidade. Na mesma universidade que fazia pós e lecionava, tinha uma faculdade de Teologia. Passava por ela quase todos os dias, já que fica na entrada do campus.
O preconceito com as religiões, causa principal do não reconhecimento e aceitação do aprendizado do Antigo e Novo Testamento e suas decorrências, provocou nas pessoas essa dicotomia. Assuntos religiosos não se misturam com a área da Comunicação Social com o tripé, Publicidade (PP), Jornalismo (J) e Relações Públicas (RP), aliás, todas áreas em que eu lecionava.
Divulgação
Positivismo, iluminismo, indústria cultural, aldeia global, estética e teorias dominantes, vivíamos a era da ebulição dos anos 70. O mundo estava aprendendo com nova era, a de Aquarius. A geração 'baby boomer' pagava as consequência do período da pós guerra. 
Fui ler “A Galáxia de Gutenberg” (1962) e não me ative em ler o "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. Acabei lendo "A História da Riqueza do Homem", de Leo Huberman e não pude ter a oportunidade de ler "O Caminho da Luz", de Emmanuel/Chico Xavier. 
Li "Fernão Capelo Gaivota", de Richard Bach e não li "O Livro dos Médiuns", de Kardec.
Passei por estes caminhos, e não vi o que estava ao meu lado o tempo todo. A Doutrina Espírita de Kardec, Denis, Fortier e Mesmer. Dizem que Victor Hugo era espírita igualmente, uns afirmam até que se não fosse Kardec, os espíritos teriam escolhido Hugo.

Se existe algum arrependimento de minha parte, seria o de não ter seguido alguns momentos que tive manifestação de pura intuição e seguido para a estudar Pedagogia ao invés de Comunicação Social. Logo estaria me abrindo a mente através de Rousseau e por certo até Pestalozzi e com a certeza de perceber mais tarde Kardec, inicialmente como o jovem pedagogo, Rivail Denisard, seu verdadeiro nome, quando da sua formação na Suíça com Pestalozzi e mais tarde, membro de diversas sociedades acadêmicas europeias no período do Iluminismo e Positivismo, após a Revolução Francesa.

Mas voltando àquela época, não tive a sensibilidade e visão de seguir minha intuição, fiquei encantado, melhor dizendo, enfeitiçado com o status que a publicidade provocava nos jovens promissores e sonhadores. Dualibi, Petit, Zaragoza, Perissinoto, Júlio Ribeiro, Geraldo Alonso, Mauro Salles, Washington, Neil, Biondi, Natale, Mainardi, Piratininga, todos célebres publicitários dos anos 60-70, época em que eu procurava deixar de ser apenas um girino e pular de brejo em brejo.

Procurei me espelhar nos gurus nacionais e os americanos, Bill Benbarch, David Ogilvy e Burnett. Sendo que havia outras celebridades do mundo corporativo, filosófico e professores que fizeram a minha cabeça, como Peter Drucker, Philip Kotler, Alvin Toffler, Tom Peters, Jack Welch, Daniel Goleman, Bill Gates e Steve Jobs. 
Estes últimos mais recentemente na área da tecnologia da informação, anos 90. Lembro hoje que o computador facilitava a nossa vida com o Ctrl "C" e o Ctrl "V", já que na minha época que lecionava era um tal "pastup", tipo papel fotográfico com cola de sapateiro que fazia a finalização de um trabalho impresso. Como não amar a tecnologia? Como não dizer sim à evolução? Os smart-phones então? Tablets? Tudo facilita os serviços, processos de comunicação e vendas. Mas eu pergunto cadê a humanização das relações?

Individualismo funcional X Capital Humano: justamente isso é a minha dúvida. Depois que deixei de ser um autômato, um mero profissional de marketing que trabalhava as oito horas diárias, que chegava às 9:00 e saia às 18:30 horas, com um intervalo para o almoço de uma hora. Que viajava às vezes para dar suporte às filiais, treinamento, palestras, participação em feiras, representando a empresa em premiações e honrarias. 

Ao me afastar das atividades corriqueiras, numa espécie de período sabático em 2014/2015, busco respostas para o que andei fazendo neste período funcional corporativo remunerado. Do convívio com gente de todo tipo de comportamento. Onde havia competição desenfreada, o egoismo exacerbado, campo minado por invejosos, rasteiros e dissimulados, dizia aos meus conhecidos que lá mais parecia o Instituto Butantã, pois cobras cascavéis não faltavam. É claro que tinha muita gente boa, mas o mal provocava reações e atrapalhava bastante as relações no trabalho e o desenvolvimento da empresa. 

Mas como disse, ficando desligado daquele mundo pesado, acabo tendo tempo para recuperar o tempo perdido e volto aos estudos e atividades da maravilhosa doutrina espírita. O que descubro? Embora tardiamente, percebo que se exercermos nosso trabalho focado e mais preparado, faremos a missão mais feliz, generosa e compreensiva.
Percebo agora que a maturidade nos traz a felicidade. Sendo mais humano, mas generoso acabamos criando uma aura positiva e rica. O resultado é percebido entre os envolvidos. 

Recentemente a propaganda descobriu o marketing de conteúdo e procurou caracterizar as emoções de forma sensível e humanizar as relações com o consumidor. Contar a história verdadeira e o real intento do produtor daquele bem de consumo. Storytelling é a narrativa que leva o consumidor a acreditar naquele produto ou serviço. E isso passa para o público interno com o endomarketing. Os colaboradores começam a vestir a camisa da corporação onde trabalham.

Uma corrente do bem é instalada. O clima de tranquilidade faz as pessoas ficarem mais produtivas, mais motivadas. Creio que os RH das empresas precisam adotar essa política do bem. Não é o que vemos em sua maioria. Mas repito, as empresas precisam 'descobrir' esse mecanismo de trabalho. Acredito que não devam demorar, como foi o meu caso, pois levei uns 35 anos para descobrir.

Tenho visto todos os dias exemplos e mais exemplos de profissionais conhecedores da doutrina de Kardec atuando em várias atividades que dão um toque mais humanizado ao atender os seus pacientes, caso de médicos. E não é preciso de formação universitária. Conheço, por exemplo, um cobrador de ônibus, que atua de forma plenamente feliz. Os passageiros saem satisfeitos em apenas observá-lo. É simples ser feliz. A Shell, multinacional dos combustíveis agora usa em seus comerciais o tema: Humanologia.

Defendo a tese que as empresas precisam entender a importância da Doutrina Espírita no ambiente corporativo (Clique para ver). Palestras motivacionais com este tema devem ser encaixadas nos treinamentos técnicos e de aperfeiçoamento profissional. Os funcionários devem dizer abertamente suas convicções religiosas sem medo de retalhações de uma parte ou outra. A empresa deve ser laica. Vamos humanizar as nossas relações. Vamos fazer a igualdade valer a pena. Vamos fazer os sentimentos vencerem aos pensamentos individualistas e orgulhos, que nos levam ao egoísmo. Afinal, somos todos iguais perante Deus. 

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