quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Pensei que o Instituto Vital não era necessário.

Eu sonhei que tudo estava tão certo.
Noutro dia, por força do dever de ofício, utilizando o que mais gosto nessa vida, a minha CURIOSIDADE, através do meu sentido nato, a OBSERVAÇÃO, acabei registrando nas câmeras dos meus aparelhos eletrônicos, smartphone e tablet, pois vivo com os dois na mochila, fotos de um estacionamento do shopping Bourbon na Barra Funda e de assentos preferenciais nos trens do Metrô e CPTM. Também registrei nos ônibus urbanos, coletivos municipais que me valho para deslocar e fazer as minhas OBSERVAÇÕES, afinal o Instituto Vital foca os direitos sociais dos idosos, justamente nesses pontos críticos, ou seja, no respeito aos lugares destinados para uso específico por parte dos idosos. Pois bem, faço muitos registros, creio que diariamente flagro mais de 100 imagens, umas acabo postando na hora, em tempo real nas redes sociais do Instituto Vital/Anjos da 3a. idade, como denúncias, desrespeitos e/ou até cenas que me surpreendem com atitudes positivas por parte da população. Esse paradoxo é a razão da existência do Vital. E também os projetos que faremos a partir de agora, pois já estamos devidamente estabelecidos e oficialmente já somos uma empresa constituída e por consequência atuaremos mais intensamente nas empresas de ônibus, com os projetos "Obrigado Pela Preferência" e "Busão do Vital". Também estaremos colocando em prática a ação com os nossos voluntários em trens do Metrô e CPTM, juntos com os nossos mascotes 'vovô Vital e vovó Vitalina', procurando de uma forma lúdica, conseguir a adesão das pessoas mais intransigentes que não queiram desocupar voluntariamente os assentos preferenciais, destinados por lei no Estatuto do Idoso, ação esta também denominada de "Obrigado Pela Preferência".
Neste tempo de incubação do Vital®, desde abril passado, preparamos os projetos e iremos colocá-los em prática a partir de agora, após a oficialização de nossa instituição do terceiro setor. 

Mas este assunto é para ser digerido com o passar do tempo. Porém ao avaliar e classificar as fotos, vi algumas que me levaram a um devaneio, quero dizer que chamei de "Eu sonhei que tudo estava tão certo! – e que não era necessário fundarmos o Vital". 

Sim, eu sonhei que tudo funcionava certinho. Cada ônibus que eu entrava, não tinha idoso de pé. Se tivesse alguém no lugar destinado a eles, idosos, as pessoas que lá estavam ocupando o lugar, se levantavam e cediam o espaço e ainda davam um tremendo sorriso. Nos trens, nem se fala. Uma maravilha. Todos os ocupantes jovens estavam de pé. As pessoas idosas, as gestantes, os deficientes, todos! Lá estavam sentadinhos. Uma maravilha. Mais tarde, quando entrei no shopping, lá no estacionamento, uma fileira de espaço dos idosos, vazias! Desocupadas. Seria porque não haviam mais idosos? Qual nada. Era o respeito pelos espaços reservados. Os adultos saudáveis, jovens e esportistas, estavam estacionados em outro local, mais afastados da entrada e elevadores. Tudo funcionando perfeitamente. Então porque razão, fundar o Vital? Não era preciso alertar as pessoas, zelar pelo respeito ao Estatuto do Idoso, que aliás não havia sido promulgado. O Dia Internacional do Idoso, nem passou pela cabeça dos dirigentes da ONU em ter esse dia comemorado mundialmente. As ONGs dos idosos eram desnecessárias, para quê existir? Problemas nos hospitais, não haviam. Os idosos tomavam lítio através da água coletada diretamente nas torneiras. Eram vigorosos, não sofriam nas filas dos bancos, das casas de espetáculos, nos cinemas. Ninguém, mas ninguém reclamava. Tudo funcionava maravilhosamente. Os governos não tinham programas para a terceira idade e nem havia carteirinha especial para não pagar o ingresso nos transportes coletivos. Não era preciso criar o INVIBES da 3a.IDADE®, o nosso Instituto Vital. 
Mais tarde, após um susto, um tremendo barulho de freada de ônibus, seguido de gritos de socorro, gente ensaguentada, idosos caídos, gestantes desesperadas, crianças gritando, carrinhos de rodas virados sem ocupantes... acordei-me. Eu havia sonhado que tudo estava tão certo, certinho demais. 

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