quarta-feira, 2 de abril de 2014

Pratique o bem. (1.Timóteo 6:18)

Há uns dois ou três anos atrás participei de um seminário sobre comunicação. A Gapnet me proporcionou esta participação junto com a mentora de RH da época, Sara Masson.
Lá fomos nós. Chegamos de manhã, café de boas vindas. Distribuição de crachás, material de apoio e em seguida sentamos na sala. Tinha gente de toda a gama de profissões. A maioria das pessoas de fora de S. Paulo. Alguns de prefeituras do interior do estado de São Paulo, alguns de Minas e dois psicólogos de Goiás.
O outro contingente era daqui mesmo. Tinha até algumas pessoas de agências de turismo. 
E começa o seminário. Blá, blá, blá, comunicação é isso e aquilo. Confesso que tudo que se falou e foi apresentado era de meu conhecimento.
Justamente o que eu lecionei no passado não tão distante nas faculdades onde trabalhei. Estava chato demais. Nada de novo. Mas fiquei caladinho. A minha colega, balbuciou:
– Salim, você está quieto demais. Está com sono? Sorri! – Claro que não, mas o assunto está maçante, disse.

Chato demais. Acho que depois do almoço não voltarei, pensei. Porém depois da pausa para o coffee-break, o palestrante, se apercebendo do clima de marasmo, sem feed back por parte dos integrantes do seminário na sala, foi logo avisando. – Depois da paradinha para o café, voltaremos com uma dinâmica de grupo e escolho este senhor aqui (por acaso eu) para ser questionado.
Perguntei, logo eu? Sim, você me parece a pessoa talhada para ser o centro da dinâmica. Pensei, lá foi a minha escapada! Voltamos e começou a batalha. A dinâmica era a seguinte.
Quais são os seus três maiores desejos para o seu futuro? O que será preciso para realizá-los. A dinâmica era para que eu fizesse os comentários sobre os temas propostos e as pessoas da sala iriam me questionar, após a rodada de todos contra um, a coisa mudaria, passava a ser eu contra todos. Eu iria questionar um por um sobre as questões levantadas.
Ai vocês perguntariam. Que confusão? Pois é. Isso é um processo de comunicação. Deveríamos seguir as regras estabelecidas nas informações iniciais, na primeira parte do seminário. Estava tudo ali, na apostila fornecida. Mas como se diz no manual da publicidade. NUNCA ENTREVISTE UM PUBLICITÁRIO. NÃO SE FAZ PESQUISA COM PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO. Eu completaria. Não convide um publicitário para uma dinâmica de grupos tipo uma sessão de terapia de grupo. Alguém pode sair ferido. O caos poderá ficar inadministrável. Dito e feito. Como não houve uma prévia para dirimir dúvidas. Causei a maior confusão em dizer sobre as três coisas que gostaria de fazer no futuro e como as tentaria viabilizar. Falei categoricamente. As três coisas desejadas para o meu futuro era apenas uma. Ter uma fase idosa com dignidade. Não se tornar um fardo para os herdeiros e saber administrar a velhice com sabedoria. Como viabilizá-la? Começando agora junto aos filhos e entes queridos. Primeiro mostrando como fazer com os nossos idosos do momento, por exemplo minha mãe.

1 Timóteo 6:18 - Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos  prontos para repartir.

Eu faço a minha parte, zelando para que ela (a vó) tenha um final de vida decente, com qualidade e generosidade, mostro para as minhas filhas como é, elas aprendem para fazer comigo, quando eu me tornar um idoso e elas exercitam já se preparando para a fase idosa delas, quando esta fase chegar. Seria uma espécie de ciclo virtuoso. A geração de hoje cuida a de ontem e mostra para a de amanhã como será o futuro delas.
Isso foi suficiente para causar o maior problema de comunicação que eu já presenciei. Ai começou a discussão, os assuntos se multiplicaram como poder aquisitivo, educação, famílias em litígios, filhos que abandonam os pais e vice-versa. Doenças degenerativas com Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla, sem contar os casos de acidentes que levam ao coma, eutanásia e outros mais. 
Viu só o que dá chamar um geminiano publicitário para ser o foco de uma dinâmica de grupo. Não havia mais tempo para as discussões e análise de resultados do processo. Não havendo prorrogação, e nem tempo para a decisão nos pênaltis. A peleja foi encerrada sem saber quem venceu e quem perdeu. Ao final não houve vencedores e nem vencidos.
Pegamos o certificado e fomos embora para casa. Os que moram longe, lá no interior de Goiás, voltaram decepcionados.
Foi uma verdadeira aula de panaceia verbal. Até poderemos alterar a velha máxima do Chacrinha. Ao invés de "quem não se comunica, se trumbica", passamos para "quem muito se comunica, se trumbica". Alô, alô Teresinha....




Nota de rodapé: estou fazendo a minha parte, apesar do final do seminário não ter dado certo. Estou fundando um Instituto* para Orientação da 3a. Idade. Nome, missão, valores e princípios já estão definidos. Quem quiser me ajudar e caminhar junto, é só falar comigo. Os velhinhos agradecem a preferência. Obrigado!
*Em princípio deverá se chamar INSTITUTO VITAL.

Nenhum comentário:

Postar um comentário