quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ônibus, pura diversão.

Andar de ônibus é muito mais diversão.
Volto a narrar mais um episódio nas minhas andanças de ônibus. Desta vez o interessante e surpreendente foi o comportamento de um garotinho com a avó.
Tenho utilizado desse expediente de ir ao trabalho através dos meios de transporte coletivo para conhecer melhor a relação dos idosos, já que pretendo trabalhar num instituto no terceiro setor (assunto já pautado para um post especial), ainda este ano.
Portanto me sirvo dos ônibus que saem do Terminal da Lapa, linha 8000 que tem o seu ponto final na rua Xavier de Toledo. Desço na praça da República e vou a pé até ao trabalho. 
Esse trajeto é uma espécie de laboratório para mim, pois acabo fazendo uma pesquisa informal de como os idosos são desrespeitados em seu direito de assento preferencial. 
Ao entrar no ônibus fico estrategicamente posicionado antes da catraca, há uma configuração interessante no lado direito do busão, pois existem bancos solitários, onde você fica sem ninguém ao seu lado e pode olhar através da janela os movimentos externos tornando a viagem mais rápida.
Além disso, me coloco com um guardião dos idosos que via de regra se defrontam com outras pessoas mais jovens ocupando o assento preferencial. Muitas vezes peço que eles desocupem e cedam o lugar para os mais velhos. A relação de sucesso é alta, 80 contra 20%, mas isso não é regra geral.
Já ouvi muitas queixas e que alguns saem no tapa com esse tipo de abordagem. Tive sorte até hoje. 
Mas a minha estória de hoje é sobre o gurizinho com a vovó. Na saída do terminal o nosso motorista animado com a manhã ensolarada já saiu fazendo uma longa curva e bem rápido para aproveitar o semáforo verde, deixou a todos apreensivos, menos o menino. Ele já foi gritando: – Huhuuuuuuuuuuu. 
Seguimos em frente, pára no ponto, sobe mais passageiros, sai, vira segunda à esquerda, entra na avenida Clélia e segue no corredor do Haddad. Passam-se dois pontos, o asfalto totalmente ondulado, o veículo já castigado sem amortecedor, pula igual um cabrito e o menino feliz da vida, gritando "huhuuuuu". Passa mais um ponto, rua toda esburacada, ônibus pulando daqui para lá, e a vovó diz pro motorista, vamos descer no próximo ponto. O motorista chega, a vó espera o ônibus parar de vez, pega na mão do netinho, o motorista abre a porta e aí para a surpresa de todos da frente, o menino diz para vó.  – Vó, não quero sair, tá muito divertido. Gargalhada geral. A vó diz que ele não estava acostumado a andar de ônibus, por isso a satisfação. Mas enfim, descem. 
Ainda estupefato, um senhor idoso no banco da minha frente, com os seus mais de 80 anos, de chinelo de dedos, camisa bem batida, calça velha e larga e dobrada nas barras, fala para o motorista e para mim.  – Vocês viram a expressão do menino? "Está muito divertido!" - ele não deve ter mais de quatro ou cinco anos, completa.

"Só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos." (Mario Quintana)

Essa é a vantagem de se misturar com o público. Você fica cada dia mais rico, mais feliz, acreditando que a vida tem mais lances de alegria do que de tristeza. Nos transportes coletivos não temos só encoxadas, para os inocentes ainda é uma imensa DIVERSÃO.

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