segunda-feira, 7 de abril de 2014

O primeiro terremoto a gente nunca esquece.


"O terremoto de Antofagasta, 1995 - foi um terremoto ocorrido em 30 de julho de 1995 às 01:11 hora local (05:11 UTC ), que foi percebida entre a Região de Antofagasta e Região de Coquimbo , sendo mais intensa em Tocopilla, Taltal, Mejillones e Socaire .De acordo com o Escritório Nacional de Emergência do Ministério do Interior (ONEMI), o epicentro foi a 20 km para o mar, entre Antofagasta e Mejillones, 33 km de profundidade. Ele tinha uma magnitude de 8,0 graus (na escala de Richter, medido no centro Sismológico, EUA) 1 e entre VI e VII na escala Mercalli. Há registro de apenas três mortes.

Pois é este foi o relato do cismo que presenciei quando estava em Santiago. 
Eles, os chilenos, já sabem o que fazer durante o evento. Todos saem para as ruas. Caso alguém esteja em algum local fechado, a ordem é ficar debaixo do batente dos edifícios, hotéis, restaurantes, hospitais, bancos, enfim dizem que são os locais mais apropriados para se proteger na eventualidade de não se atingir as ruas.
Estava fazendo o meu trabalho de acompanhar o fechamento da revista SuperHiper (da Abras) nas dependências do complexo gráfico da Editora e Gráfica Antárctica, mais tarde comprada pelos canadenses. Era começo da tarde em Santiago, no bairro-cidade de Maipo quando de repente vi as pessoas, os funcionários saírem numa corrida desvairada para fora da planta, como diziam do local.
Como eram divisórias de vidros, notei de longe que as pessoas pediam para eu sair. Era o único ser vivo dentro das dependências. Totalmente alheio ao que se passava. É claro que notei a vibração das divisórias, mas nada se quebrou ou caiu. Enfim, passam uns minutos, atendo aos clamores e saio lentamente. Ao chegar na parte externa, senti o chão se movimentar de forma ondular, foram aproximadamente dois minutos de estranha sensação.
Os postes vibravam e os cães latiam sem parar. Diziam: – Jorge, no ha sentido el temblor? Entendi que aquilo era o tremor de terra, mas terremoto? Nem pensar. Bem, não voltamos para dentro, pois diziam que poderia haver as tais réplicas. Ou seja, mais tremores, que poderiam variar de mais leves ou fortes.
O pessoal local me leva para o hotel que ficava bem longe de onde me encontrava. Hotel Tarapacá, na parte nobre da cidade à avenida de Apoquindo e no centro de toda a atividade comercial, tourista e financeira de Santiago. Os brasileiros que lá estavam hospedados eram os mais falantes e agitados. Ao adentrar no lobby do hotel, o staff me avisa que deveria dormir na cama já devidamente colocada sob o batente de madeira com uma espessura no mínimo de meio metro.
Já estava cansado e após um breve banho, caio no sono quase que incontinente, pois iriam me buscar logo cedo para verificar a impressão e acabamento final das revistas.
Logo "temprano", após o café da manhã, corri para comprar os jornais locais e foi ai que caiu a ficha. Só catástrofe. Danos horríveis que jamais imaginaria que passaria perto de mim. Realmente é chocante para nós brasileiros. Fui na banca e comprei todos os periódicos que pude encontrar e os trouxe para cá. Era um tipo de souvenir bizarro. Mais tarde o meu motorista passa para me buscar, chega um pouco tardio e se desculpa pelo inconveniente, e justifica dizendo que a causa foi o caos do trânsito. Segundo ele, havia acontecido mais de cem réplicas durante a noite e aquela hora. Fomos ouvindo uma rádio local. As narrativas eram só de danos e prejuízos para todos. Chegando na Editora não se falava em outra coisa. E para mim, ficou aquela sensação. O primeiro terremoto a gente nunca esquece. E neste dias de hoje, com a repetição em escala maior, vejo o mesmo povo chileno passar por mais uma dessas catástrofes outra vez. Quem sabe outros brasileiros, assim como eu, passaram pela primeira vez por essa sensação e sobreviveram.

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